quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Maíta e Gauguin são praticamente um casal. Tirando o fato de que ela é mula e ele cachorro, no mais são muito parecidos e comungam dos mesmos ideais e crenças, inclusive a de que são os verdadeiros donos da casa. (E talvez sejam, por direito de usucapião, já que passamos parte do tempo nos ares. Mas não podemos nos esquecer dos gatos Tica e Teco, donos da parte interna por direito de ocupação).
E observando o fato de que somos também um casal misto de gaivota e leão-marinho-voador - e tudo o mais nos une, resolvemos festejar o ano que se inicia com uma cerimônia de casamento coletivo (o que não implica em sexo com animais, bem entendido).
Enfeitamos a casa com hibiscos vermelhos e estrelas do mar, catamos na despensa as guloseimas para um banquete tropical e nos fantasiamos de noivos com os objetos e tecidos disponíveis, e diante da lua juramos amor eterno. Diante do sol também, pra não desequilibrar.
E hoje, diante dos raios e trovões de Iansã, juramos que a eternidade é agora e não vamos desperdiçar nem um minuto das nossas vidas. Você sabe, até as ilhas paradisíacas afundam.


        


(Ah, crianças: não tentem nos imitar sem a supervisão de um adulto, a falta de criatividade pode lhes ser fatal.)


Você pode não acreditar, por causa de todo esse clima de férias, mas tenho trabalhado mais que a Maíta. E mesmo gostando muito do que ando fazendo, tem dias que acho que toda a energia escapou por um furinho não localizado, e só esta vida insular animada me ajuda a levantar.
O resultado mais imediato da fadiga é uma certa aversão pelo computador no tempo de lazer. Parei mesmo.
Só vejo o indispensável e recuso convites. Mas quando estou na minha sede copacabanense, no meio do tumulto megalopolitano que ironicamente chamam de civilização, o computador me parece um refúgio de paz, tranqüilidade e ficção, como aquelas diversões futuristas onanistas dos filmes antigos. E volto aqui para dizer que não voltarei mais, mas você sabe que não é verdade.

Então, até um dia.

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