sábado, 28 de fevereiro de 2004

e o risco de chuvarada no sambódromo (ou sambodrômodo, como dizia aquele vereador de que esqueci o nome) desanimou a galera do desfile das campeãs. não importa, a Portela tirou 7º lugar e não ia mesmo, e as arquibancadas estão verdes...
do fundo do meu coração
1. decibéis no nível 13,7 da escala richter, numa sala abafada menor que a da minha casa, e no palco a performance casseta&planeta totalmente dispensável. tudo dispensável. o fim de uma era.
sabe quando você diz "já deu" e sabe que vai cumprir a decisão de riscar da sua lista de práticas abomináveis?
toda vez que fui à nautillus ou à casa da matriz foi por pessoas que eu gosto aniversariantes, revistalançantes e produtoras de festas/shows. mas como lá dentro não há interação possível, nossos encontros começam, acabam (e só têm algum sentido) nos botecos e traillers das redondezas. (cerveja em copo de plástico, outro ítem que varri da minha história faz tempo). porque até pra dançar, só gosto de proximidade sem fronteiras quando e com quem tou a fim.
tenho certeza que os amigos vão entender.
não confundir: eu gosto de show de rock (eu disse SHOW, e de ROCK) e de outras coisas, posso ser muito feliz em lugares precários como traillers e calçadas com cerveja de isopor, e não me importo com ambientes lotados, pequenos e desconfortáveis (me importo com banheiros imundos e a falta deles) desde que a companhia seja agradável e o clima seja vamulá mesmo.
mas tem coisa que não dá. pra mim, que não sou público apropriado, eu digo.
então, continuando (pra sempre) a operação Pote de Geléia, e abrindo brecha pras exceções porque ninguém adivinha o futuro, Festa Alternativa na Nautillus ou Casa da Matriz Nunca Mais.

2. pro público certo as festas são um sucesso, produzidas com cuidado e criatividade. sério mesmo, não é pra puxar o saco do Sandro, que nem bota meu nome na lista da porta..

3. a mosh 3 tá ducaramba!
carnaval (hohoho)

hoje tem o desfile das campeãs.
já que estou surda mesmo, com o som (???!!!) do matanza enfiado e reverberando nos tímpanos pra todo o sempre (ô coisa déja-écouté), nada melhor que uns bons (???!!!) sambinhas-enredo pra equilibrar.
"eu preciso destas palavras"
(Arthura Bispa do Rosário, diante do E-mail Perfeito)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

acho que detesto tanto os popups quanto detesto spams, talvez mais.
porque dos spams eu me livro sem ter que ler, mas esses quadrinhos que pulam na frente do que estou lendo me dão vontade de tacar um treco em cima.
principalmente os que se instalam sozinhos como página inicial, ou se recusam a serem fechados e renascem (infinitas vezes) dos próprios X clicados, grrrrrrrrrr!!
não consegui captar a estratégia de atração de um anunciante que age assim com suas vítimas, digo, seu público-alvo ("é alvo? então atira!")
democracia absoluta sintética:
acho que se o Igor chegasse pro pai, já adolescente, e dissesse: "pai, sou gay" ele ouviria (depois de tensos segundos mudos) um "é mesmo, meu filho? e você tem namorado?"
e se respondesse: "tenho, um palestino, e por falar nisso viajo amanhã pra área de conflito" (porque ninguém duvida que essa guerra vai até o último ser vivo da região deixar de sê-lo), o pai lhe diria, aflito: meu filho, pensa bem, é perigoso, você precisa refletir melhor sobre suas opções políticas..."
"tem problema não, pai, não quero saber de política, vamos traficar armas e drogas."
"mas filho, é.. você sabe o que pensamos sobre isto, não concordamos absolutamente. mas se for sua decisão estaremos do seu lado".
mas... se Igor então guardasse a revelação-bomba pro final: "pai, eu não sou Flamengo".
aí :"já pro seu quarto, garoto, tá de castigo sem videogame (ou o equivalente daqui a 15 anos) por uma semana!"
(moral da história: se tu nasceu framengo por parte de pai e mãe, avós, bisavós, tios e vizinhos, democracia é o caramba.)

pp: é brincadeirinha, hein. a formação do caráter dele jamais permitirá que descambe pra caminhos tão indignos, como não ser flamengo. mas se ele quiser, não será torturado por isso. digamos que sofreria apenas uma certa pressão familiar.
muitos filmes, zilhares de fotos de uma vez. (acredite, eu tinha até filme de 98 não revelado).
parece que foi ontem (e foi), parece que já passou um tempão (e passou).


e o baby Igor de uniforme do Mengão Campeão? vocês não perdem por esperar!

eu me desenvolvo e evoluo com minha prole, que se desenvolve, evolui e prolifera...
dia lindo = eu sorrindo.
mas sabe, eu gosto de chuva de verão.
é fácil gostar de chuva quando se está abrigada e, geralmente, a salvo da maioria dos problemas-de-chuva.
(é um pouco mais difícil ao andar por essas ruas, não dá pra ignorar as dificuldades alheias, bem maiores em dias molhados).
mas gostar é quase inevitável, daquele lado da chuva que apela pros modos da infância, brincar debaixo d'água, que banho bom.
eu chego em casa tão feliz, à toa.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

AMANHÃ! grrrrrrande lançamento da
revista mosh 3

e fessssssta pra comemorar a mosh 3
clube do inferno
(segundo a Aline, a Nautilus é - fisicamente falando - o próprio inferno)

todo mundo lá!
hoje é dia: plocploc de chuva no ar condicionado, pilhas de sem-gracices acumuladas pra resolver, filmes pra revelar, meus presentes sobre o monitor, é a conta de juntar saudades de diversas origens pra fazer bolinho.
haja café.
"Dura Realidade Show

Idéia para um programa de TV: intelectuais, jornalistas, formadores de opinião em geral, obrigados a testar na prática suas teorias. Podia se chamar "Falar é Fácil". Tipo, pegar um político de esquerda e botá-lo pra carregar tijolo em uma obra e trocar idéia com a peãozada, conferindo in loco o nível de conscientização do pessoal, ou obrigar um desses arautos do Fim da História a fazer curso de homem-bomba na Arábia Saudita.

Mas o mais legal seria ver o Ali Kamel jogado em uma prisão e defender lá que no Brasil não existe racismo".

(por Arnaldo Allemand Branco, mau humor , 2/16/2004 12:41:31 PM)
saudosa maloca: cada tauba que caía/ doía no coração

então nunca mais pisei naquela rua.
entre os poucos blogs que ainda visito com freqüência, estão os dos meus escritores preferidos.
(porque preferência, você entende, não depende do "mérito" do blog: há os amigos, as simpatias inexplicáveis, os besteiróis imperdíveis, os que tocam em assuntos que nos interessam.
e blog, você sabe, não dá pra definir e compartimentar muito, alguns são mistos, de escritores amigos, jornalistas escritores, amigos musicais que escrevem bem, escritores desenhistas, etcetcetc). mas quando digo escritores, é do prazer e da habilidade de escrever sobre qualquer coisa, com qualquer humor, em qualquer espaço ou situação, que estou falando.
assim, ó:

"MARCHINHA

A havaiana tem um colar de desgostos no peito, mágoas pequenas e grandes entrelaçadas nas flores de plástico, pés trocados tropeçando na emboscada de serpentinas que podem bem ser as tripas do seu homem que o bloco levou. Bebe e fuma - a boa filha da puta - e beija a primeira boca estranha que se abrir pra cantar o refrão que fala de liberdade e sacanagem, da falta de dinheiro, da falta de amor. Nunca mais festa, nunca mais alegria, nunca mais coração que rolou de um camarote nos pés imundos".

(Sábado, Fevereiro 21, 2004 - escrito às 11:06 AM por seesaw - Ciça Giannetti )



claro que devem existir muitos outros maravilhosos e altamente visitáveis, mas esses são os que conheço, os que eu não dispenso, são os meus:
Cecília Giannetti ,
Nelson Moraes , e ,
Cristiane ,
Ratapulgo e ,
Cesar Valente ,
Fal ,
Angela Tempo Imaginário (provisoriamente em repouso, como as crisálidas).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

adiós, ilha da fantasia.

agora, a looooonga segunda-feira (de cinzas).



comentário superatrasado, porém incontenível: pensei que a decoração de natal deste ano fosse a pior da história do Rio de Janeiro, a mais boba, fuleira, mal feita e ridícula iluminação de sininhos e anjinhos nos postes. qualquer professora primária faria melhor pra sua escolinha.
mas aí a propaganda da vivo com a prefeitura, que chamaram de decoração do carnaval, conseguiu superar em feiúra e desgraça qualquer outra coisa que você já tenha visto num poste desta cidade (inclusive na extremidade inferior, aquela que fede.)



próxima parada: continente da realidade.
estação terminal. todos os passageiros devem desembarcar.
inclusive você aí escondida embaixo desse banco.



então acontece que todo mundo tá de mudança do blogger-br, seja pelas limitações aos não-assinantes, seja pelos transtornos indiscriminados, como o limite de 10 meguinha por usuário e as "manutenções" que interrompem o serviço naquele momento de crise blogal em que a gente PRECISA da droga - o que me fez abandonar o viagem2-blogger-br com dois meses de uso.
mas é claro que Maria Manoa fez três blogs de imagens no blogger-br, acreditando no subimento fácil de jpgs, depois de algumas experiências anteriores digamos frustrantes.
ah, e a despeito de não utilizar os espaços que beiram o limite, estamos obrigados a mexer neles pra que não sejam deletados por abandono, cláusula muito clara do contrato.
tudo porque, como boa Manoa, acreditei que ELES teriam um nome empresarial a zelar (organizações Satã?) e zelariam, e sou assinante do jornal o globo, da net, do vírtua, meu provedor é o globo.com (que inutilizou pra sempre meu endereço respectivo de e-mail, atualmente uma lixeira de spams que só visito pra esvaziar). bem feito, quem mandou.
então, enquanto não mudo os fotoblogs e os desenhos do claro/escuro pra alguma outra parte do ciberuniverso que receba imagens facinhas de postar, eles ficarão ali quietinhos descansando.
(preguiça cinzenta... segunda-feira eu vejo isto).



imagine: você viaja e deixa alguém em casa, pra dar uma geral, molhar as plantas, socorro em emergências.
volta e sua casa foi pintada, todos os eletrodomésticos meio tronchos foram consertados, todas as louças estão limpas, os armários cheios de mantimentos, os cds arrumados por ordem alfabética e objetos do milagre da multiplicação, o chão varrido e as plantinhas florescendo.
choque total, não é?
e se isto acontecesse no seu computador?
o hd muitos quilos, digo, gigas mais magro sem aquele lixo todo, os arquivos em ordem, programinhas simpáticos surgidos das brumas do além e a maior cara de ano novo enfim começado.


geeks: há atenuantes



e então fui infectada por e-mail:

olá,

I am a Portuguese virus, but because of poor technology and no money in my
country, I am not able to do anything with your computer. So, please be kind
and delete an important file on your system and then forward me to other users.

obrigado




outros carnavais:
gentilezas calientes, lavandas na sauna, as flores mais bonitas deixando o jardim, vinhos das melhores safras se despedindo da adega, calor muito além da lareira.
quase tudo, quase mel, quase lua.
quase um castelo das vinte e uma noites.



ele fez uma poesia.
concreta: desenhou na espuma do cappuccino, jogou açúcar na mesa pra emoldurar, cortou iniciais na toalha de papel e juntou-as para uma viagem inesquecível em nave de guardanapo.
(assim, uma instalação, uma decoração de festa escolar. ou uma lambança, como preferir :)



la Tierra del Fuego es acá, tolinhos. as chamas, as brasas, as cinzas.



Por la blanda arena que lame el mar
su pequeña huella no vuelve más
y un sendero solo de pena y silencio llegó
hasta el agua profunda
y un sendero solo de penas puras llegó
hasta la espuma

Sabe Dios que angustia te acompañó
qué dolores viejos calló tu voz
para recostarte arrullada en el canto
de las caracolas marinas
la canción que canta en el fondo oscuro del mar
la caracola

Te vas Alfonsina con tu soledad
¿qué poemas nuevos fuiste a buscar?
Y una voz antigua de viento y de mar
te requiebra el alma
y la está llamando
y te vas, hacia allá como en sueños,
dormida Alfonsina, vestida de mar.

Cinco sirenitas te llevarán
por caminos de algas y de coral
y fosforescentes caballos marinos harán
una ronda a tu lado.
Y los habitantes del agua van a nadar pronto a tu lado.

Bájame la lámpara un poco más
déjame que duerma, nodriza en paz
y si llama él no le digas que estoy,
dile que Alfonsina no vuelve.
y si llama él no le digas nunca que estoy,
di que me he ido.

Te vas Alfonsina con tu soledad
¿qué poemas nuevos fuiste a buscar?
Y una voz antigua de viento y de mar
te requiebra el alma
y la está llamando
y te vas, hacia allá como en sueños,
dormida Alfonsina, vestida de mar.


(Alfonsina y el Mar, de Ariel Ramirez y Felix Luna)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

cinco minutinhos (me lembrei do Jano comentando a nossa mania dos diminutivos: "seriam minutos de 50 segundos?") pra passear na rede enquanto seu lobo não vem.


la vida es eterna en cinco minutos


como vão as coisas? coisas leves, coisas gritantes, coisas moles, coisas apressadinhas, coisas de ressaca, coisas maníacas, coisas rasteiras, coisas contentes, coisas abafadas, coisas dengosas, coisas muito malvadas mesmo, coisas pipocantes, coisas surdas, coisas ocultas.
por que as coisas vão?


adivinha onde vamos passar o carnaval!!
ráááá!!!

de preferencia, bem longe deste artefato do demo.

na maior água.

(a da chuva incluída nas possibilidades, claro).

o que vale é a vizinhança.



notícias frescas, sujeitas a rajadas de surpresas.

e muito calor no fim do período.


engenho e arte nas emergencias de férias: pra driblar a invisibilidade do blogger-br, um clipping de blogs mandado por e-mail, acredita? alguém de sua confiança escarafunchando seus favoritos (sim, escarafunchando o seu computador, mas tudo bem) e copiando, inclusive comentários updatados!
mas isso é muita geekice e dependencia grave, admitamos.
(mas bem que.. arram, que se trata de extrema geekice e dependencia em último grau, não sei como alguém chegaria a este ponto, tsktsktsk.)


mas é mesmo verdade que "nós gatos já nascemos po-o-bres" foi atração do BBB??? (do BBB, imagina! não, melhor apagar de todos os registros).


estrela de luz que me conduz: de onde viemos, para onde vamos?


muitos, muitos, muitos horizontes.


de longe não se ve melhor, apenas se ve pequenininho e sem tanta importancia.


mas quem são? como são? onde? quando? quanto? por que? por que? por que? por que?
(não me diga, me deixe adivinhar).


fotografias: o céu mais azul do mundo, a muralha de gelo de 40 metros de altura, praias de pedrinhas, como Nice. e pinguins deitados tomando sol.
um globo repórter sem narração do chapelin.


gloriosos cafés da manhã, de todas as manhãs, mesmo as que nem mereciam.


toda curva tem uma dor, do que se deixa de ver.


buzinas, buzinas! adoro buzinadas que chamam, tanto quanto detesto as que pretendem desintegrar com jatos de som o que tá na frente.


los cinco minutos te hacen florecer

minutos são elásticos, beibe



e como diz mamãe:

olha benzinho, cuidado com seu resfriado
não tome sereno
não tome gelado
o gin é um veneno
se cuide, benzinho, não beba demais



bá-ai...

(já vou, já vou, já v

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

céu
observando o outro lado das coisas:

primeiro, as coisas não tem outro lado, porque chegando ao outro lado já não é o outro, é o este.
(como ensinava Flau aos filósofos do templo desde a mais tenra infancia).


segundo:
aqui é amarelo e lunar. (lá é todo branco e crepuscular).
as pedras tem cheiro. a água tem cheiro. o ar tem uma leve cor de marfim, e no por-do-sol é um ambar translúcido, como todos os ares. há pegadas dinossáuricas nas pedras, eu vi. e cafés sophistiqués com empregados que já foram patrões. e limpeza. e gente revirando o lixo. miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes.


ali adiante é onde o vento faz a curva, não sem antes tomar muito folego.


nunca deixe para amanhã o que não se pode dizer hoje, melhor esquecer.


(a dificuldade de espremer o que transborda num container de segredos).


jornada nas estrelas:
o que faz um astrofísico? pisa nos astros sem a menor distração.


jornada nas estrelas 2:
o que faz um astronauta? navega pelos sete vácuos e um destino.


poeira cósmica:
o que faz um músico hacker? som na guitarra dos outros.


o que faço eu aqui? me perco num bosque de espelhos, e nunca mais vou achar a porta da saída.


sim, há os problemas do mundo. nacionais, internacionais, locais, individuais. eu sei. eu me recordo, eram umas coisas assim complicadas e graves. mas não me peça pra acreditar na sua existencia agora, os problemas se recolheram aos seus aposentos na outra ala do cérebro e no momento simplesmente não consigo me lembrar da cara deles.


mas eu me lembro da casinha pequenina onde o nosso amor nasceu.
não tinha coqueiro do lado, era uma padaria.


(os seres humanos falam a língua dos incas venusianos com aceleração nas quatro cordas. os cachorros latem em cachorrës universal. os livros são todos lindos. os olhos são inacreditavelmente azuis. algumas roupas são um pouco puídas, algumas almas estão um tanto esfarrapadas).


como se pode notar, não há circunflexos no estoque. mas o que são detalhes quando voce pode reaver seus hábitos por longas horas?


por toda parte deste mundo despido de imaginação, a cerimonia da lanchonete familiar domingueira enquanto programa de índio aculturado por neuroses civilizadas.
é uma tradição importada de Springfield que se espalhou no universo.


todos os jogos na tv são bauru-contra-XV-de-piracicaba-diretamente-de-limeira.


todas as paisagens são impressionantes.


toda novidade é envolvente.


todas as gentes são fantásticas, se voce ve por este angulo.


todos os lobos do mar tomam sol na beira da praia.


sonhei com pinguins enormes, do tamanho de pessoas, saindo da água conversando e sorrindo.


o quarto, não falei do quarto. e só falarei que é cenário de um filme dos anos sessenta sobre os anos 2000, com direito a foguete interplanetário e às mais belas luminárias jamais inventadas.


a música é normal. com pitadas de anormalidade. digo, particularidades, como em todo lugar.


as noites são azuis e amarelas, depende da luz.


sabe o que eu chamo de felicidade? nunca saberá.


ah, a comida. come-se. e a bebida, bebe-se. é tudo bom. e a gente não estica nem encolhe depois.
(talvez dentro de tocas sim, mas longe dos olhos curiosos do Coelho Branco).


eu voei. cheguei e continuei voando. voar é uma condição local, ou eu estou com problemas de gravidade.


baby sauro


buscando nos quatro cantos do mundo algo que esteja na minh'alma


acho que eu queria conhecer as geleiras azuis.


pensando melhor, acho que agora não.


ilhas da fantasia são todas as áreas cercadas pra rotina não entrar. as cores, luzes e formas são alteradas pela neblina cenográfica e voce acredita, porque acreditar é melhor que ver.


e em homenagem à pátria mãe gentil e à festa saltitante, inebriante e esfuziante que se aproxima,

carnaval, desengano
deixei a dor em casa me esperando
e brinquei, e cantei e fui
vestido de rei
quarta feira sempre desce o pano


cuidem-se.


aliás: foi aberta a temporada de festas, eles me entendem, não os entendo (só entendo o que quero), acho que ando bebendo de menos.


metadúvidas: e o blogger-br, ainda existe? aliás, blogs ainda existem? (este aqui, em crise existencial permanente, não conta).


saudades existem.


a neblina não chega a cegar.


vou lá, até outro dia. (descansem, prometo proporcionar muitos momentos de silencio até o outro dia).
céu

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

uma viagem alucinógena até o outro lado das coisas
(um piloto astronauta)
um pássaro de fogo riscando uma rabiola no azul
(abalando ares em chamas)
o mar batendo dentro dos ouvidos como nos búzios
(deusdocéo, quanta saudade)
excesso de estrelas na bagagem
(eu sempre penso na triste sina dos carregadores de mala, mas eles escolheram)
a droga alteradora de consciência embalada em plástico, oculta nas dobras do cérebro
(os sonhos mais lindos sonharemos com quimeras mil derrubarei castelos)
aquele som que tem um gancho que arrebata
(terra estranha com gente esquisita de sotaque esdrúxulo y el cielo como bandera)

boas folias momescas por aí
(eventualmente postarei do céu)
até a volta

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

(pra não dizer que não falei de flores)
sonhei tantas vezes, queria um fim suave de algodão, uma morte risonha que deixasse lembranças, só as boas. um adeus com champanhe na despedida.
que comédia.
não é bem assim. fins são espinhentos, mesmo quando necessários, desejados e até atrasados. é difícil encarar o fim com saltitância, graça e leveza.
fins são o esgotamento, o cansaço, o corpo doendo e a cabeça apalermada.
fins são alívios, grandes pedras que rolam de nossas costas. mas às vezes caem bem nos nossos pés.
fins são uma espécie de derrota, pras forças que torciam pelo fim quando ele ainda era começo.
fins são a volta do chicote, o bumerangue, o carteiro entregando aquela carta de novela, onde todos os segredos são revelados (você é adotada! este filho é do padeiro! seu irmão roubou sua parte da herança!) mas no leito de morte, quando não há mais o que fazer.
fins são portas fechadas. não adianta se iludir com "venha sempre, a casa é sua", porque não é. nada de mão na maçaneta, agora tem tranca, chave, campainha.
fins são o fim dos planos, daquele armário cheio de coisas pela metade, ou pra consertar depois, ou prestações, ou listas de compras, ou dinheiro no cofrinho, qualquer coisa inacabada ou não começada esperando o futuro.
fins são um gosto de madeira nas recordações que já foram doces. aquela história do pirulito chegando ao fim.
fins são frustrantes. nada acaba do jeito que a gente queria. nada fica do jeito que a gente pensava. nada é esquecido do jeito que a gente precisava. nada parece normal, porque não é normal desacostumar rapidamente dos costumes.
mesmo quando há um novo começo tapando o fim com uma nuvem de gelo seco, ele está lá, existindo depois da extinção, como uma foto kirlian demarcando zonas de ausência.
mas retomando o sonho, quando os trens seguem viagem em direções opostas, por que fins não poderiam ser acenos das janelas e desejos mútuos de felicidade?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004

estou refazendo os arquivos do invasão, meu blog desativado alucinógeno, que deletei de bobeira (mas salvei antes, porque aos ataques de bobeira costumam seguir os ataques de arrependimento).
ele se chama agora é tudo mentira, pra que não haja dúvidas, e misturei posts (ou trechos, frases) de variadas procedências e épocas, de modo que alguns já publicados aqui serão repetidos.
não é um espaço com pretensões literárias. não sei definir o que é. só sei que é ficção. não se iluda com aparências, está longe do querido-diário, embora às vezes possa confundir. (pra este tenho outro lugar, de papel, capa blindada, com tranca e cadeado triplo).
vou levar um tempo até completar, mas não vou reproduzir todo o invasão. e depois de trazer os textos vou mexer neles enquanto achar necessário, não é um espaço de coisas prontas.
reli os arquivos à procura de um post muito antigo, que sintetizava várias situações vividas e que provavelmente viverei outras vezes - nossos ciclos inevitáveis. resolvi divulgar porque à medida que fui relendo, foi-se clareando a importância das palavras na vida da gente. palavras são poderosas, perigosas, construtoras e demolidoras, recomenda-se usar com moderação e cuidado. e quando for o caso, etiquetar de modo visível: isto não é A Realidade.
então, é tudo mentira () não contém realidade, mesmo o que já o foi, no passado. porque ao virar post e enfrentar a publicação, você sabe o tanto de fantasia que se junta no processo. e ao virar passado, o tanto de particularidade que perde, e se mistura à história da sua vida.
mas também não são exatamente mentiras, porque até os fatos inventados contêm emoções reais - e você sabe o quanto a gente se joga em tudo o que faz, mesmo que não tenha nenhuma serventia.
__________________________________

pp: e vai ter coisa nova de vez em quando.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004

a família baba-baby ataca outra vez:
(contém fofices e bilubilus. não digam que não avisei).

ah sim: tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, o tempo voa, beijos saudosos pros amiguinhos, e deixa eu voltar lá.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2004

..5, 4, 3, 2, 1.

amanhã, vida nova.
vou ter que dar uma parada aqui, vai ser uma longa viagem.
esperei muito por isso, a ansiedade está transbordando por todos os lados.
ffffffffffff.
vai dar tudo certo. assim que puder dou notícias.
até lá.
fiquem bem.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2004

barco, Hilda Ferreira
Avarua, hoje?

e de agora em diante toda realidade será omitida, ou melhor, a realidade havida será substituída por outra bem superior.
não mentiras, ficção.
porque, como saber o que é real, existente e objetivo, quando nosso desejo faz o que quer com nossa percepção? como saber o que houve e o que haveria se tivesse havido como pensamos que houve? como saber o que há se investimos tudo para que haja como queríamos que houvesse?
então me rendo aos limites, reconheço falhas na minha onisciência, duvido da minha onipotência por breves instantes e decido que tudo será de agora em diante ficção.
(não na vida, bem entendido, que isso já acontece há tempos, mas aqui neste blog.)
personagens, cenários, emoções, cenas inventadas. mesmo quando não.
não acredite, não interprete, não pense que.
até opiniões, pensando bem, podem se manter objetivas e coerentes dentro de um prazo de validade, depois quem garante? podem desandar.
e fatos, já viu como são manipuláveis por interesses? políticos, jornalísticos, fofocáticos, vaidáticos, os mais variados e mesquinhos interesses. então, duvide dos fatos também, da minha visão, versão ou descrição dos fatos, da sua, da deles.
(só não duvide das fotos, o Igor é mesmo aquela gracinha. :)
mas se um post lhe parece triste, ou explosão de raiva, ou tranqüilo como um lago, ou euforicamente feliz, quem sabe tudo já mudou? e às vezes não. ou pode parecer a seus olhos, sem realmente ser como lhe parece.
com o que você diz também não é assim?
pois então.
não se trata de insinceridade, apenas é mais justo que este blog seja visto sempre com o filtro da relatividade, sem pé-da-letra, sem espelho d'alma. mesmo porque não pode ser de outra maneira. a dor da gente não sai no jornal, os sentimentos não passam incólumes por palavras, os canais por onde o sangue ferve não são vasos comunicantes.
não ligue, não ligue pra nada disso.
porque você sabe, é mais fácil desencanar dessas letrinhas do que elas deixarem de existir nos momentos de necessidade.
pensando melhor, nunca se sabe.
tanta coisa acontecendo, não é? tanta coisa.
mas vão ficar onde estão, os acontecimentos.
dia dois de fevereiro, dia de festa no mar:
um por-de-sol vermelho daqueles, as pessoas parando, aguardando a Grande Bola Dourada cair na água atrás do morro (só a pontinha) pra aplaudir no fim. (pessoas quase cegas, e a mãe da gente sempre falou que não era pra olhar pra luz direto).
estranho lugar este onde ninguém tem mais o que fazer do que ficar vendo por-de-sol na praia.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004

ouvidos não têm paredes

- ah, põe aí um cigano..
- mas que mané cigano???
- ou um pirata, sei lá, um cara assim como aquele Lo do deserto no Tigre e o Dragão...
- tá louca, mulher?? na cidade, hoje, assim sem mais nem menos?
- então um guerrilheiro audaz e corajoso, um rebelde poderoso que muda os destinos da nação, um líder libertador das massas oprimidas..
- é?, de onde, das FARC? um amiguinho do Beira Mar? ou um palestino que se autoexplodirá em trinta segundos? um Sendero Luminoso que...
- ai, que falta de noção, hein, não precisa ser tão realista, cruzes!
- mas estamos tratando da vida real!!! isto não é roteiro de novela, é a vida da pessoa!
- roteiro é roteiro, oras, tem que animar, estimular, tem que ter ação..
- olha, dona Janete, a senhora já teve sua oportunidade de animar, agora isto aqui é sério, eu só queria umas idéias porque não entendo muito de mulher, mas sem exageros, fazfavor!
- não entende mesmo. aposto que tu tá pensando num funcionário estatal estável, brega, chocho..
- não precisa sacanear, eu só quero ser razoável, ela merece.
- merece o melhor, então. põe aí um índio estonteantemente selvagem e inocentemente delicado, que num ímpeto de paixão vai raptá-la quando o táxi estiver preso no engarrafamento e..
- dona Janete, com o perdão pela franqueza, a senhora é louca.
- sou não, sou experiente. pode pôr aí, depois você me diz.
- não dá pra ser mais simples? sei lá, mais...urbano? um cientista louco, um artista carismático, um repórter fotográfico audacioso no front da guerra na favela, um poeta romântico apaixonado..
- claro, claro, você tá pegando a coisa!
- tá bem, mas é só um teste, viu? um destino aberto, vamos dizer assim, um momento de livre arbítrio. só uma provinha, tempo limitado.
- mas se der certo você deixa? ah, deixa, vai, deixa! livre arbítrio é livre!
- depende. mas a senhora sabe, se der certo os direitos são meus, não sabe? senão pega mal, imagine só.
- tá bom, mas me dá os créditos, pelo menos na hora da morte dela.
- certo, certo... fechado.
- valeu. põe aí: um astrofísico louco revolucionário poeta hacker astronauta guitarrista piloto recém-chegado de uma terra misteriosa e articulista correspondente internacional em áreas de conflito que se mete numa missão impossível e..
- ai meus binguelim...

(só pode ter sido assim, só pode.)
hoje é outro dia de Iemanjá, o dia baiano.
oiá, mãezinha, boas ondas, brigada de novo.
mengo perdeu, mengo empatou, mengo ganhou.
(e daí, né? eu me pergunto: e - da - í?)
e benditos sejais ó vós que inventastes de comercializar cenourinhas baby, por todos os séculos amém. brigada valeu.
acho que ontem eu ouvi a música mais triste da minha vida.
ou não.

barata Jules: - aaaahhh bom.
barata Jim: - interessante, este ponto de vista.
barata Jules: - vale mais pelo ineditismo da coisa.

strokes (o novo) no café da manhã. ou antes do almoço e do jantar, ou depois, ou durante, ou entre as refeições, como preferir.
o antigo também serve, mesmo porque são iguais.
uma espécie de vitamina c, se (alguém no mundo) me entende.
Solaris é aqui:
reflexões sobre a atualidade do filme original Solaris (Solyaris, do russo Andrei Tarkovski, de 1972, baseado em novela do escritor Stanislaw Lem), em seus questionamentos sobre a ciência, a consciência, a memória e a imaginação humanas. resumindo, a volta do lixo que produzimos. (por Arnaldo Bloch)

adorei este filme. a sempre inevitável, em se tratando de sucessos estrangeiros, refilmagem americana (porque eles não conseguem ler legendas e prestar atenção na tela ao mesmo tempo) de Steven Soderbergh, com George Clooney, não chega à metade do impacto - e da força das imagens - mas também é boa. e o original russo agora tem em DVD.

domingo, 1 de fevereiro de 2004



"mesmo com o nada feito, com a sala escura
com um nó no peito, com a cara dura
não tem mais jeito, a gente não tem cura
mesmo com o todavia, com todo dia
com todo ia, todo não ia
a gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
a gente vai levando essa guia"

como diz um amigo meu, eu vim ao mundo a passeio.
como todo passeio, contratempos existem: uns atoleiros, pneus furados, desvios de rota, acidentes. mas nada vai estragar minha vida em férias.
taca uns sanduíches de seratonina na mochila, molhinho de adrenalina, suquinho de endorfina, bolinhos de respirafundo-relax pra emergências, quando a merda é inevitável, e música pra embalar, e a gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando essa pemba.

e bom fevereiro aí.
da série "Que-Se-Foda também é erudição", UMBIGO GROUP apresenta

xingamentos: um resgate cultural

seu...seu..

paspalho!!!
bocó!!!
toupeira!!!
tapado!!!
energúmeno!!!
sacripantas!!!
bucéfalo!!!
mentecapto!!!
maricas!!!
pereba!!!
peroba!!!
manquitola!!!
matusquela!!!
estrupício!!!
traste!!!
bossal!!!
celerado!!!

beócio!!!
mondrongo!!!
abestado!!!
tongolino!!!
patife!!!
pulha!!!
desconjurado!!!
zé mané!!!
azougue!!!
aparvalhado!!!
pústula!!!
zêmola!!!
mequetrefe!!!
mixoquista!!!
fanfarrão!!!
obliterado!!!
sujismundo!!!
efeminado!!!
quenga!!!
sirigaita!!!
famigerado!!!

baitola!!!
boco-moco!!!
pernóstico!!!

sicofanta!!!
mandrião!!!
biltre!!!
pilantra!!!
boiola!!!
boleba!!!
bilontra!!!
cavalgadura!!!
cafajeste!!!

borocochô!!!
xumbrega!!!
pusilânime!!!
porcalhão!!!
parvo!!!
poltrão!!!

(pesquisa: Carlos D - o homi das idéia, Aline, Marcos, Angelo e eu - de um insight UMBIGO GROUP)
entonce eu fui direto pra praia, porque dormir é coisa de mondrongo*, mas voltei rapidinho.
eu não tenho que enfrentar praia de domingo, obrigada.
nem é por estar cheia, eu vou cedo, bem antes daquelas fotos dos jornais.
mas, que me perdoem o preconceito, é duro conviver em espaços apertados com quem ignora o sentido dos termos "respeito", "espaço", "outro", "conviver".
então, volto amanhã. (sou privilegiada mermo, e daí, vai encarar???)

(*mondrongo: ver post acima)
meu caro amigo me perdoe, por favor
se eu não lhe faço uma visita
mas como agora apareceu um portador
mando notícias nessa fita

aqui na terra tão jogando futebol
tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
uns dias chove, noutros dias bate sol
mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

muita mutreta pra levar a situação
que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
e a gente vai tomando, que também sem a cachaça
ninguém segura esse rojão

meu caro amigo eu não pretendo provocar
nem atiçar suas saudades
mas acontece que não posso me furtar
a lhe contar as novidades

aqui na terra tão jogando futebol
tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
uns dias chove, noutros dias bate sol
mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

é pirueta pra cavar o ganha-pão
que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
e a gente vai fumando, que também sem um cigarro
ninguém segura esse rojão

meu caro amigo eu quis até telefonar
mas a tarifa não tem graça
eu ando aflito pra fazer você ficar
a par de tudo o que se passa

aqui na terra tão jogando futebol
tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
uns dias chove, noutros dias bate sol
mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

muita careta pra engolir a transação
e a gente tá engolindo cada sapo no caminho
e a gente vai se amando, que também sem um carinho
ninguém segura esse rojão

meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
mas o correio andou arisco
se me permitem vou tentar lhe remeter
notícias frescas nesse disco

aqui na terra tão jogando futebol
tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
uns dias chove, noutros dias bate sol
mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

a Marieta manda um beijo para os seus
um beijo na família, na Cecília e nas crianças
o Francis aproveita pra também mandar lembranças
a todo o pessoal

adeus

(Chico Buarque)