terça-feira, 27 de abril de 2004

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vou ali ser feliz e volto já.
sorte, sucesso e saúde procê também.

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parece que o hotmail anda perdendo algumas cartas pelo caminho. eu sempre respondo tudo. se não respondi foi porque não chegou, se não for incômodo mande outra vez, tá?
beijos

segunda-feira, 26 de abril de 2004



retornada de mais uma viagem, Skywalker dos tristes trópicos transmutantes, lembrando Che na moto só que de asas
nós todos ilhas mas precisando dos barcos e das pontes
às vezes entendo tudo num insight mas desisti de entender o que faz os amir klinks partirem pros desafios à vida gratuitamente;
o que faz os traficantes fazerem embaixadinhas com as cabeças das vítimas na saída dos cultos evangélicos das comunidades (que kill bill superaria?), na briga entre o terror medieval e a dependência dos sobreviventes enquanto estratégias de conquista;
o que nos faz morrer mas continuar zumbis numa rota errada onde não há mais sangue;
o que faz esta busca não parar nunca, mesmo quando parece atendida mas sabemos que há mais, há muito mais lá, muito melhor e mais completo, e não podemos deixar que passe assim pela nossa vida sem fazer nada;
então eu te olho através do vidro embaçado de armadilhas e vejo mais do que desejava
porque sabemos, não é?, ninguém mais sabe, e nem precisa, mas nós sabemos bem o que é dizer sem palavras
como gêmeos sentem o que o outro sente e ninguém explica
e não é por nada, nem pra nada, é só inevitável.
eu viajei ao seu lado por 4 dias e noites contando tudo enquanto seus olhos estiveram fechados, e ouvindo seus relatos enquanto dormia, com este sotaque que me dá certeza de que não somos um,
e sabemos sem nenhum esforço o que te enlouquece ou me faz ferver, eu sei tudo o que você gosta e não gosta e um dia gostará ou não
e só você entende tudo e me acalma quando pega a minha mão e me deixa viver em paz tão longe,
e os nossos sonhos são tão parecidos, como as ilhas que não se tocam mas esperam os barcos carregados de suprimentos que fazem a linha entre elas.
isto sempre será nosso.
é o que me dá coragem pra abandonar a rede sob o coqueiro e correr atrás do que eu quero de verdade,
e você sabe que todos os desafios são moles de vencer se tiver ajuda daqui da terra, pra corrigir o rumo da astronave, ou facilitar os mais legais desvios de rota.
(estou aqui, sempre estarei. sem pressa.)

quinta-feira, 22 de abril de 2004

das cartas (2):



como é que algumas músicas conseguem atingir a parte mais funda da tristeza da gente? você tá ali sem pensar em nada, e aquele som te dá vontade de chorar muito, só por ele mesmo, sem que esteja associado a nada e a ninguém.
tem uma assim que, de tão triste, o link permanente foi inevitável: sempre que ouço imagino como fundo pra algumas memórias importantes da minha vida, como nas cenas de filmes em que a música é lenta e profunda e todos os outros sons são inaudíveis, mas existe muita ação violenta e você vê tudo se acabando, todos os sonhos pisoteados pelos cavalos em câmera lenta.



pois arrumei três vasinhos de metal, um laranja, um verde-limão e um amarelo, pra botar plantas na mesa nova do computador. porque já tem tudo que é enfeite que me dá prazer compartilhando o espaço, menos alguma coisa viva pra dividir comigo o embate com esta máquina do demo que tudo domina e desequilibra a Força. mas esqueci que a cortina não abre daquele lado, qual a planta que vive sem luz? a artificial, é claro. e agora, onde é que vou achar uma planta artificial viva?



não foi uma simples mudança, percebe? também não foi um recuperar-se depois da fraqueza, nem um renascer borboleta depois da hibernação. não foi a milésima ressurreição das cinzas. foi uma morte completa (delete. ok, tenho certeza.), seguida do nascimento de outra coisa diferente.
o velho estoque de hábitos e manias já tinha se acabado há um, dois meses, talvez três, e aquele outro eu se recusava a ocupar o lugar, como se fosse apropriação indébita.
vai daí que aconteceu toda aquela confusão que todos sabem e alguém tinha de agir, e alguém tinha que assumir a autoria dos atos. então o novo eu se apresentou num momento difícil e tomou as rédeas como nunca tinham sido tomadas.





só queria que ele economizasse as palavras de esperança e conforto cada vez que me vê, o tudo-vai-melhorar de cada dia. me deixa em paz com meu bode. tá, eu sei que as coisas vão melhorar, porque no momento piores não ficam.
e se as coisas não entrarem nos trilhos como antes, ou se os trilhos esfarelaram, a gente procura caminhos alternativos, anda a pé pelo lado escuro da lua se for preciso. sou forte nos infortúnios, como todo mundo, mas não preciso sorrir forçado e arquitetar futuros luminosos justamente agora.



o alívio da não-expressão, já experimentou? porque somos opinativos compulsivos e precisamos dar uma palavrinha sobre os últimos acontecimentos, o filme, o livro, o show, o cd, o corrupto da vez, as fofocas das celebridades, o programa do momento e o front de todas as guerras. pescar informações superficiais e já sair opinando com tanta segurança e julgamento feito antes de pensar com calma nos assuntos, antes de poder trocar idéias e impressões, já viu que pressa? mas talvez seja inevitável, é mais fácil começar um debate com afirmações descabidas (que podem mudar) do que com dúvidas declaradas.
pois eu queria evitar isto por uns tempos, a superficialidade dos clichês repetidos, como uma espécie de exercício daquele livro de filosofia prática do Roger-Pol Droit. a quem interessará saber o que me interessa dizer, se eu mesma não me interesso a ponto de procurar conhecer melhor?





essa coisa da exposição que a gente fala sempre, você não acha que é uma tentativa de encontrar os pontos comuns com otimização de esforços? assim, se eu falo só com você, independente de haver concordância ou não de opiniões, você pode nem entender muito bem a minha língua e não estar interessado no assunto. se eu falo pra uma turma, muito provavelmente alguém vai entender, mesmo que discorde, e as interações múltiplas são mais completas e ajudam o raciocínio, mas aquela pode não ser a minha turma nos outros aspectos da vida.
agora, se eu falo pro mundo em geral, é quase um pedido de socorro. por favor, se tem alguém aí que fale nambiquara e conheça o caminho pra Taiambu do Oeste pisque a lanterna três vezes.



nem vem, ninguém tem certeza de nada. se eu penso uma coisa hoje de manhã e de tarde já posso ter mudado, imagina como posso saber o que é verdade nas outras pessoas.
por via das dúvidas estou sempre avisando: não entenda nada meu ao pé da letra, que letra tem é asa.

terça-feira, 20 de abril de 2004

tatuagem

que é pra te dar coragem
pra seguir viagem
quando a noite vem

tatuagem

a cicatriz risonha e corrosiva
marcada a frio, a ferro e fogo
em carne viva

tatuagem

que você pega, esfrega, nega
mas não lava

tatuagem
"Rio, 1973:
Fui ver a exposição do Marquinhos. A galeria é pequena mas muito legal, transparente, só destaca as obras. Ele veio contente, me abraçou muito, mas não saiu do lugar. Ficou lá sentado fingindo que lia, me observando de longe. Então eu fazia caras de intensa admiração, no começo, pra acalmá-lo, mas depois até esqueci dele e devo ter feito caras arregaladas de espanto incontido, porque as instalações eram realmente muito boas.
Marquinhos continua aquela figura, cada vez mais magro, cabelos mais compridos voando pros lados e as lentes mais fundo-de-garrafa, mas sabe que nem parece feio como antes? acho que o trabalho revelou suas belas entranhas.
Um dos objetos é um caleidoscópio, disfarçado externamente como se fosse uma luneta, posto em frente a uma tela branca iluminada. A gente olha por ele, gira como se acertasse o foco, e aparecem as sempre incríveis imagens caleidoscópicas em movimento.

Rio, 2 de abril de 1969
Não, moço: com o tempo as coisas não vão melhorar. O tempo sozinho não faz o mundo progredir, futuro não é evolução automática. Precisamos de ação, de pessoas fazendo as coisas, precisamos escolher pra onde vamos. O pior de tudo é que às vezes essa diversidade, essa riqueza de possibilidades, esse amplo leque de opções me irrita.


Outro objeto é uma Caixa de Pandora protegida por um biombo num canto da sala, com uma inscrição na tampa: Não abra. Futuro em perigo. Atrás do biombo, abro devagarinho até ler o que está escrito no fundo da caixa: Arrisque - ultrapasse - liberte-se - o futuro é seu.

Eu sempre desejei controlar a humanidade só um pouquinho, o suficiente para forçar cada um a viver sua própria vida respeitando os outros, não me enchendo o saco com opiniões idiotas que eu não pedi, não tentando me obrigar a me comportar como eles. A hipocrisia me enoja, eu preciso ser autêntica.

Outro objeto é uma bacia cheia de líquido e uma colher de cabo muito comprido para os visitantes interferirem na obra. A gente mexe na tinta oleosa que bóia na água, formando desenhos e misturando cores em movimento contínuo.
Levanto a colher e deixo o líquido pingar, formando círculos, o movimento das cores pode hipnotizar tanto que a gente se esquece da vida real. Quando as ondas se acalmam vejo o meu reflexo na bacia e lembro do meu amigo ansioso, querendo saber minha opinião sobre seu trabalho. Ia chegar perto dele pra dizer, mas é bobagem. Numa altura dessas já deu pra notar de longe o que estou achando.

E também sempre evitei intimidade com vizinhos e pessoas simpáticas que puxavam assunto no ônibus ou no elevador. Mas afirmar diferenças o tempo todo me isola, discutir profundidades o tempo todo me deixa eternamente preocupada. Agora eu ando sentindo falta das pessoas simples, daquelas bem comuns, das conversas bobas que não levam a nada, para me distrair um pouco dessa vida tensa."

(d'Os Anos Oito)

segunda-feira, 19 de abril de 2004

no espelho do banheiro:

- e a vida vai seguindo assim.

- dia sim, dia não, noite talvez.

- descobrindo a pólvora, inventando a roda e salvando um leão por dia.

- somos todos sobreviventes no melhor dos sentidos.

- e você, como vai? fazendo o que quer, enfim, ou ainda tapando o sol com a mais furada das peneiras?

- e como vai você? levando a vida na garupa da bicicleta ou se enterrando na lama dos outros?

- escolhendo o vôo ou carregando mala daquele jeito até entortar de vez?

- empurrando os projetos para a luz da existência ou fugindo amarelamente do incerto e não sabido?

- crescendo no controle ou encolhendo no comodismo?

- você ainda ouve vozes?

- lembre-se, só desejo o melhor pra sua vida.

- eu não me lembro mas anoto na agenda e tiro muitas fotos.

- depois não sabe do que se trata a anotação e que fotos são aquelas.

- taco tudo na fogueira.

- já eu planto flores de ópio, papoulas na jardineira da janela.

- ninguém sabe pra onde vai.

- então boa viagem."
Penélope:
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mas não é o amanhecer nem o crepúsculo, mais impressionantemente fotografável é o dia cheio, pleno, satisfeito, o sol com todas as pétalas abertas e a intensidade do azul levada às últimas conseqüências, nem dá pra reproduzir.
é o clímax.

te juro, não há baixo astral que resista a um ataque desses.





dias de luz, festa de sol

domingo, 18 de abril de 2004



- minha jangada vai sair pro mar
vou trabalhar
meu bem querer
se Deus quiser quando eu voltar do mar
um peixe bom eu vou trazer
meus companheiros também vão voltar
e a Deus do céu vamos agradecer

- adeus, adeus
pescador não esqueça de mim
vou rezar pra ter bom tempo, meu nego
pra não ter tempo ruim
vou fazer sua caminha macia
perfumada de alecrim
1 imagem > 1000 discursos.
sabe o que é mais triste? cada vez que aparece na tv um grupo de sem-terra com foice erguida, destruindo cercas, tomando banho na piscina da fazenda invadida ou cortando eucaliptos produtivos e necessários, lá se vão anos de apoios sociais conseguidos a duras penas para a reforma agrária. por mais razão que tenham em suas motivações.

(mas enfim, falar de terra na areia do Arpoador é roubada, então só posso torcer pra que não se perca o que começou aqui e floresceu assim.
e não tenho mais nem as plantações de mandioca selvagem pra poder dar palpite consistente nesses assuntos campesinos.)



pois então, o queijo é a base da minha alimentação, já disse uma vez.
o diário indispensável, queijo minas fresquinho, ou o eventual de qualquer outro tipo, que vai dos de sabor forte às originais sem-gracinhas ricotas e cottages (que com sal e temperos diversos viram gracinhas com gosto).
as mussarelas eu prefiro em bolinhas, nozinhos ou tranças, e não fatiadas, pra poder descascar as peles fininhas ou esfiapar as fibras.
o provolone também é bom de descascar, e alguns queijos precisam ser saboreados em fatias quase transparentes de tão finas, pra não parecerem massudos. já viu como queijo de buraco fica melhor com muitos buracos? o gosto é diferente.
pois é, eu nunca tinha estado diante de tantas variedades de queijos à minha disposição.

e de tanto gado. conheci um bezerro de três dias chamado Lolo, marronzinho como seu xará chocolate (que virou Milkbar mas o nome não pegou), filho da Lola.
mas como minha câmera não é digital e meu escaner não funciona no momento, não poderei lhe revelar meus contatos imediatos com os avestruzes.


e são tantos os cachorros no mundo, não é? a gente percebe bem isso quando latem todos juntos porque passou um estranho.


as pessoas estão gritando mengo há horas.


pessoas também estranham estranhos.


ou ficam eufóricas em grupo.


todos juntos somos fortes e um tanto malucamente corajosos, ou bobões demais.


(multidões, tô fora).

sexta-feira, 16 de abril de 2004

porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é aquela coisa de antes:

devido a inúmeras sugestões, informações e pedidos de esclarecimento suscitados por tão despretensioso post, reorganizo-o com o fim de atender meus prestativos e interativos leitores:

1- subservientChicken
esta galinha subserviente, da rede de fastfood Burger King, esbanja talento, graça e charme galináceo para cumprir (quase) todas as suas ordens, mesmo as mais simples como "fly", "shake your body", "smash your head on the wall", "put an egg", "die", "pee", "kiss", "smile", "roll on floor", "fart", "sandwich", ou "rock and roll", "disco dance", "latin dance" (samba ela não faz a menor idéia).
como é do Burger King, as referências ao Mc Donald´s costumam ser caprichadas ("eat a big Mac", por exemplo.)
há um site com uma lista do que ela faz e não faz, mas não digo aqui porque assim perde a graça.
enfim: invente.

(eu vi primeiro aqui e experimentei as sugestões QSF antes de pedir as minhas. experimentae você também.)
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2- a outra coisa: dita a sério, a expressão "fulaninho é um ser especial" (e suas variações) faz parte da minha lista particular dos sintomas de malice (referente aos malas) de que falava este post aqui.
mas ironia pode.

agora clareou?

quinta-feira, 15 de abril de 2004

de qué sirve plantar
la flor para cortarla,
la rosa se defiende con la espina
y nuestro porvenir con la esperanza
4º Primeiro Campeonato Mineiro de Surfe
puxa, perdi
como assim?
"Novo aparelho de DVD pula cenas de sexo e elimina palavrões".
(mas entenda, é tudo para o seu próprio bem).

mas a primavera continua, e tá um sol lá dentro...
Porque a nossa lógica é diferente e aqui não se aplica

Rocinha

"No último dia 26 de fevereiro, o secretário de Segurança, Anthony Garotinho, havia proibido a entrada do Bope na Rocinha por 60 dias, devido à morte de três pessoas na favela. Ontem, 49 dias após a proibição, o Bope deu a volta por cima. A tropa de elite já havia voltado na semana passada, quando o bando rival de Luciano, chefiado por Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, tentou invadir a favela. Até ontem 12 pessoas foram mortas durante os confrontos.

A fama de violento e estuprador de Eduíno deixou os moradores apavorados com a possibilidade de o traficante assumir o comando das bocas-de-fumo na favela. O comandante do 23 BPM (Leblon), Jorge Braga, disse que está preocupado com a Rocinha e seus arredores:

Tudo indica que o morto era muito querido pela comunidade e que o outro é muito temido, disse".

(O Globo, 15/04/04, Polícia mata chefe da Rocinha)


"Lulu, criado no morro, era o assistencialista, fornecia cestas básicas a famílias de cúmplices presos. Dudu, o sanguinário, é tido na comunidade como estuprador, bandido intolerante e agressivo com moradores, principalmente com quem o desobedecesse".

(O Globo, 15/04/04, Dois bandidos em disputa pelo poder)


"Segundo moradores, Dudu gosta de intimidar a comunidade e ostentar suas armas. Horas após a invasão da Rocinha pelo seu bando na sexta-feira, ele chamou vários moradores para uma área da favela e encheu de balas um cachorro que passava pelo local. Era para amedrontar".

"(..)na noite da invasão o bando de Lulu teve a preocupação de mandar moradores vizinhos de bocas de fumo deixarem suas casas para que não corressem risco de vida".


(O Globo, 15/04/04, pg 12)


Enquanto isso, as Forças da Lei e da Ordem...

"PMs acusados de agredir, extorquir, roubar e invadir as residências".

"A maioria das queixas recai contra os policiais do Batalhão de operações especiais da PM (BOPE). No Laboriaux, o piloto de mototáxi AFL contou que na segunda feira foi detido por policiais, que jogaram spray de pimenta em sua cabeça, seus olhos e sua boca. Segundo ele, os pneus de todas as motos e kombis que estavam no local foram furados pelos policiais.
- Vários donos de motos estão sofrendo extorsão. Eles pedem um real de cada um e dizem que é para almoçar.


"(...)contou que os policiais entraram em sua casa sem sua autorização. Quando ele reclamou que os policiais haviam quebrado a tampa da caixa onde fica a bomba d'água, o policial teria dito "não reclama que hoje a porrada tá de graça."

"(...)recebeu um telefonema de vizinhos informando que a casa dela foi invadida por policiais militares que estavam na ocupação. Ao voltar, deu por falta de eletrodomésticos, entre eles um DVD.
- Moro desde os 6 anos na favela e nunca fui roubada por bandido nenhum."


etc etc etc etc etc

(O Globo, 15/04/04, pg 17)
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Acho que todo mundo aqui no Rio, se não mora, conhece pessoalmente pelo menos um morador de favela e sabe que essa história se repete: "bandido" e "mocinho" são categorias variáveis, independentes da "atividade profissional", digamos assim.
Pra comunidade que sofre seus efeitos, é um jogo de pesar vantagens/desvantagens e riscos de vida, muito mais que valores morais abstratos e universais. Isso todo mundo sabe, mas esquece quando pede mais e mais e mais repressão como se fosse solucionar bushescamente os conflitos.
Caramba, nessa luta do rochedo com o mar não vai sobrar marisco pra contar a história.
Rocinha, abril 2004

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague


*

dias de pagamento, galera, tão estranhando o quê?...

dance dance dance
Não conheço Lula Vieira, mas creio que ele seja minha alma gêmea. Fiquei com um tantico de inveja de não ter escrito o texto abaixo, já que ele traduz, palavra por palavra, meus sentimentos (NB - e reproduzo por idênticos motivos):

Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo o cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato. Num outro artigo alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho. Joaquim Ferreira dos Santos, em "O Globo" de domingo, fala do seu profundo preconceito com quem usa "agregar valor".

Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma garrafinha de água e fica mamando de segundo em segundo é uma chata. São preconceitos, eu sei. Mas cada vez mais a vida está confirmando estas conclusões.

Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas. Por incrível que pareça, não consegui desmentir. Pode ser coincidência, mas até agora todo cara que eu me lembro de ter visto usando o paletó colocado sobre os ombros é muito babaca.
Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa: você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito ou sujeita que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra "carne", fica falando o tempo todo em vida saudável é seu ideal como companhia numa madrugada? Sei lá, não sei. Não consigo me lembrar de ninguém assim que tenha me despertado muita paixão.

Eu ando detestando certos vícios de linguagem, do tipo "chegar junto", "superar limites", essas bobagens que lembram papo de concorrente a big brother. Mais uma vez, repito: acho puro preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias gratuitas.

Tem gente que a gente não gosta logo de saída, sem saber direito por quê. Vai ver que transmite algum sintoma de chatice. Tom de voz de operador de telemarketing lendo o script na tela do computador e repetindo a cada cinco palavras a expressão "senhoooorrr" me irrita profundamente.

Se algum dia eu matar alguém, existe imensa possibilidade de ser um flanelinha. Não posso ver um deles que o sangue sobe à cabeça. Deus que me perdoe, me livre e me guarde, mas tenho raiva menor do assaltante do que do cara que fica na frente do meu carro fazendo gestos desesperados tentando me ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua e tivesse todo o direito de me cobrar pela vaga.
Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de fazer? Não suporto especialista em motivação de pessoal que obrigue as pessoas a pagarem o mico de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados e tentando receber "energia positiva".

Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa empresa.
Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria. E para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando "um beijo no coração"?

(Momento Descontrol :: Terça-feira, Abril 06, 2004 :: 4:02 PM)
cortei um pouco os cabelos.
porque vai que eu bobeio e alguém sobe pelas tranças quando debruço na janela.
tá um perigo, esta cidade.
já passou a data apropriada, todo mundo já falou, já sei, já sei, mas hoje que me deu vontade, então deixa eu:
Dez anos atrás Kurt Cobain cometia suicídio etcetcetc (JB)
tom leão: no nirvana com o nirvana.
hoje passei pelas Lojas Americanas só pra ver o Igor no poster sorrindo maravilhoso tamanho gigante, de amarelo-pintinho. mas nem gritei olha lá pra ninguém.