sábado, 31 de janeiro de 2004

L diz:
o bicho vai pegar:

Hilda diz, mas não devia:
defender a polícia é mesmo difícil.
e logo eu.
mas acho absurda a forma como a imprensa trata as "forças da ordem" que ela mesma vive pedindo o tempo todo: nessas horas de confronto com o poder do tráfico, nunca apóia seja qual for a estratégia, os meios mobilizados, o comportamento.
e não há argumentos, apenas provocação (não vai dar certo, a polícia vai falhar, vai fugir, vai perder).
no caso da Rocinha eles se anteciparam, estão lá dentro tentando evitar a guerra, parece que há um trabalho de inteligência sendo levado a sério, não custa pelo menos tentar não desmoralizar.
ficar de olho, sempre, denunciar abusos, corrupção, falta de recursos não é o mesmo que ridicularizar a tentativa de prevenção de um massacre, afinal a população tá sempre de marisco, entre o rochedo e o mar.
e lembrando que os soldados que ocupam a favela estão se expondo, porque são mortais, e alvos uniformizados, e nem todos são bandidos "do lado da lei".
com todo o ódio latente, mais que justificado, da população mais pobre contra a polícia, conseqüência da experiência de toda uma vida, no momento a intervenção do poder público parece ser uma necessidade, e urgente, pelo menos pra equilibrar a balança do poder na favela: basta ver o detalhe cruel da convocação prioritária pelos traficantes, sob ameaça de morte, dos jovens que participam de projetos sociais pra diminuir a importância econômica da droga nos bairros populares.

e ó, eu queria falar da abertura das comportas da barragem, de prevenção, que inundou povoados pelas margens do rio afora (diz a empresa que as populações "foram avisadas com antecedência"); das tempestades furiosas de verão, as cheias no nordeste e o eterno despreparo das cidades, como se fossem pegas de surpresa todo ano; dos cataclismas em geral e do quanto ainda se os atribui a causas naturais incontroláveis; do Fla X Flu de amanhã; do robozinho espacial que foi consertar outro robozinho em Marte; do trabalho escravo agrário que é a coisa mais antiga desta terra; do dia deslumbrante azul-dourado e do aviãozinho que caiu no mar, no Recreio; das festas de aniversário ao ar livre; do meu almoço e do meu futuro.
mas veja, agora não dá, tô indo ali.
e nem depois, pensando bem, que vontade é coisa que dá e passa.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

então, num güento mais essas idas, e vindas, e voltas, esse pessoal que mora longe e fica aparecendo do nada, pensa que eu procurei? não, estava eu posta em sossego no recesso do meu lar e os amigos vieram me chamar, e ficam apresentando essa gente que vai logo embora, e alguns surpreendentemente voltam como haviam dito, mas partem novamente porque moram lá, e são aves de arribação migrando pro sul, pro norte, pro oeste e pro leste na primeira hora da manhã e eu já tinha resolvido que não quero conhecer mais ninguém que não seja vizinho, quero meus velhos amigos que tocam campainhas e me encontram nas esquinas e vejo seus olhos e ouço a sua voz sempre que precisar, não quero passear no aeroporto, não quero sair daqui, não quero conhecer outras culturas, outros hábitos, paisagens novas e gentios, não quero esperar pelas cartas por emails que vêm de navio, leva um mês pro dia seguinte chegar, não quero essas línguas que ninguém entende, essa mistureba de babel, esse povo cor de rosa que gosta de caipirinha mais que eu, não quero saber da rua onde eles moram, do trabalho e do clima, dos estudos e do prédio, não me interessam suas famílias e suas cervejas quase mornas e vinhos excelentes, não quero sentir suas ausências, não quero esperar a próxima data, não quero morar no albergue espanhol por quinze minutos e passar a vida lembrando como era bom.

felizmente também tem os que ficam pra sempre.

este é o rio do sítio, de que falei noutro dia aí.
esta primeira vez no sambódromo foi muito estranha, aliás.
uma delegação do governo sandinista da Nicarágua veio aos países da América Latina atrás de apoio urgente pra sua revolução, na época ameaçada pelos EUA. (ver o pós-post).
um amigo, jornalista brasileiro casado com uma nicaraguense*, levou a galera - que nas horas vagas odiava ser dirigida pelo cerimonial e participar de eventos oficiais, porque até outro dia estava armando tocaia no mato - pra ver o carnaval carioca entre os "companheiros" (nós incluídos).
não sei de onde saiu o camarote, mas estava totalmente nu. levamos cadeiras de praia e isopor com cerveja. e biscoitinho aperitivo. a plebe não sabe se comportar.
os nicaraguenses viram passar a primeira escola. no intervalo, alguém descobriu que as cadeiras de praia eram abaixáveis e se deitou. depois outro, outro, e quando passou a segunda escola só um deles permanecia acordado, talvez no dever revolucionário de contar a experiência pros outros.
mas nós, os companheiros cariocas, nos divertimos pra caramba, viramos a noite, acabamos com a cerveja e traçamos planos culturais supermaneiros pro próximo governo a emergir de uma revolução latinoamericana.

* que depois foi ministra, e que pena, eles nunca mais voltaram pra cá (nem depois daquela eleição bizarra em que os revolucionários perderam pra candidata apoiada pelos EUA...)

pós-post: corrigi, porque confundi as datas. na verdade, era o carnaval de 84 (corrigi de novo. já deu pra ver como sou ligada em datas, né? mas o sambódromo faz 20 anos neste carnaval, então só resta 84) e o governo sandinista procurava apoio político e econômico, contra as pressões americanas. detalhes aqui:
(a delegação de revolucionários recém-vencedores foi a da Guiné-Bissau, e não teve carnaval na parada).
o dia em que descobri a Portela

ser Flamengo foi genético, sem discussão, mas eu não tinha grandes aproximações com escolas de samba pra ter alguma preferência nesta área.
e aí aconteceu: um desfile de campeãs pré-sambódromo, à noite, eu deslumbrada, porque ao vivo é bem diferente da televisão, e eis que um rio passou na minha vida.
todos os tons de azul do universo, entremeados com brancos e pratas, era impossível não ficar hipnotizada com as alas em ondas. e um samba enredo que não me lembro qual era, mas vou achar sempre lindo. a Portela tinha tirado o segundo lugar (lembrando que é um desfile pós-carnaval) mas eu torci assim mesmo, lá por dentro. e gastei um filme quase inteiro tentando registrar o impossível, a emoção.
acho que ao mesmo tempo descobri Paulinho da Viola, Clara Nunes e o samba mais perfeito desde o início dos tempos pra homenagear minha - agora minha - escola (..não posso definir aquele azul, não era do céu, nem era do mar...), e aí foi covardia, um exagero de motivos, nem precisava.
raramente passo o carnaval aqui, mas fui ao sambódromo três vezes, duas como convidada em camarotes, a outra arrastada por uma galera convincente pra conhecer o clima das arquibancadas.
e logo na minha estréia a Portela atacou de oke oke Oxóssi, faz nossa gente sambar...
(Contos de Areia , que este ano, não entendi muito bem, vai ser bisado... pela Tradição, sua dissidência.
em 2004, dupla portelice na passarela).

mas não vou ver, espero estar bem longe daqui no carnaval :)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2004


já é hora de dormir
não espere mamãe chamar
um bom sono pra você
e um alegre despertar
quando eu vi Dogville (calma, não vou contar), ficava o tempo todo pensando no poder das circunstâncias.
como seria, onde estaria, o que faria se...
sempre o se.
difícil saber, fora das circunstâncias.
e lá vamos nós
sem tretas.
sem muletas.
sem capacete.
sem óculos.
sem capa.
sem remendos.
sem cobrir buraco de bala no vidro da janela com plástico pra não entrar ventinho.


outros sons
outras paisagens
outros ares
pros familiares distantes e saudosos, mais cenas da vida igórica no fotoblog
(só pra quem tá a fim de ver bebezinho, e fazer ahhhh ohhhhh. e eu babando.)
16/01/2004
16/01/2004, Maine
Cláudia manda foto do picolé luminoso que orienta o trânsito do Maine.

16/01/2004
16/01/2004, Maine
e do prédio de sorvete que substituiu a casinha de doces da historinha de João e Maria.
no Maine também.
um dia desses eu explico o surfismo teórico com todos os detalhes técnicos, embasamento filosófico, implicações epistemológicas e manual de instruções.
um dia.

(eu disse surfismo, de surf, aquilo que fazem os surfistas)
Portelaaaaa!
ay este azul
que les quiero contar como fue
por momentos se queda en mi piel
ilustrandome el paisaje aquel

ay este azul
golondrina que vuelve otra vez
musicando mu zaguan de ayer
a esperarme de barco en la sed

ay este azul
provinciano se quiebra en mi voz
como antigua vidala en adiós
como un breve puñado de sol

ay este azul
ay este azul

ay este azul
que ha llegado a iniciarme en la luz
con campanas de asombro tal vez
habitando lo que nunca fue

ay este azul
este azul es un verde también
resolana brillando en el piel

ay este azul
solo quiere quedarse en mi voz
como un duende mojandome
y en vez
este azul es un niño tal vez

(azul provinciano . pancho cabral)

terça-feira, 27 de janeiro de 2004

Las Cucarachas

1º ato:
ao abrir a porta, a visão dos infernos: um baratão cascudo maculando a brancura do banheiro, ouriçado de calor, com as antenas fixas em você.
sim, há sapatos no recinto, mas matar baratas tão imensas com objetos pesados requer tripla dose de coragem: pro ato de se dirigir até as proximidades da barata, pro ato de ver, ou apenas imaginar, o esmagamento nojento do bicho mais nojento jamais criado pelo demo, e o ato mais nojento ainda de limpar o local do crime.
corre, corre, pega aquele troço de espirrar veneno e fica apertando até a bicha andar nas pontas dos pés. e que caminho ela escolhe? a sua direção, claro.
você corre mais, e perde o rumo da barata. e se o veneno não foi suficiente, e se ela sobreviver, e se ela escolheu justamente o seu quarto pra sobreviver?

2º ato:
você dorme, apesar de tudo. e sonha. com baratas.
mas surge uma de cada vez, você enfrenta e vence depois de uma luta estafante, e quando se vira há outra na espreita. sabe, assim como o Bruce Lee, um inimigo espera o outro ser aniquilado. (o sonho é seu, afinal das contas).
e é você que corre atrás delas pra matar, não o contrário.

3º ato:
você acorda e pensa: engraçado, não fugi, e venci todas sem spray, algo mudou.
você se levanta e acha a barata verdadeira na sala, de barriga pra cima, mortinha.
mas deixa ela no lugar, onde ficará até o homem da casa chegar do trabalho.
mas não confunda isto com aquilo.
isto é o que há, ou talvez não haja.
aquilo é o que houve, ou talvez nem tenha havido.
isto é um dado rolando pra debaixo do sofá, daqui não dá pra ver.
aquilo é você no emprego novo preocupado se eles vão dar conta direitinho do seu último projeto do emprego antigo.
isto é não saber se vai chover e ter preguiça de levar guarda-chuva.
aquilo é não pegar mais aquele ônibus, porque aquela rua sempre engarrafa neste horário.
isto é o que não pode crescer assim ao léu, como capim depois da chuva, tem que replantar no vasinho.
aquilo é o que não pode deixar rabinhos, minas explosivas porventura sobrantes enterradas no solo.
isto é o que pode nem crescer. preguiça de cuidar, entende? nem toda semente tem que vingar.
aquilo é o dente arrancado, a gengiva tem que desinchar até o fim pra não deixar nenhuma dor. curativo de meia em meia hora.
isto é esquecer à toa e anotar na agenda mas não olhar a tempo.
aquilo é só se permitir um jeito disney de sentir saudade.
isto é só uma campainha na porta, a gente toca ou não.
aquilo é apenas "uma fisgada num membro que já perdi".
isto é antes do início.
aquilo é depois do fim.
estou fazendo um blog portfólio, acho que todo mundo que vem aqui já viu aí do lado (desenhos), tá ainda no início, mas só tenho planos de exibir os trabalhos mais antigos (alguns bem antigos), já publicados e devidamente protegidos por registro autoral.
porque muitos dos recentes envolvem personagens e acho complicada essa história de deixar tudo dançando solto pelas ondas de luz na grande corrente pra frente da internet.
só por um mínimo de segurança (hahaha) quanto à autoria.
mas gostaria de saber mais sobre experiências alheias com imagens originais (com textos já deu pra ter noção..), quem puder passar informações eu agradeço.
Rio de Jano

pré-estréia do filme
RIO DE JANO
de Anna Azevedo, Eduardo Souza Lima e Renata Baldi
terça-feira, 27 de abril, 20h30
Cinema Odeon BR
Pça. Floriano, 7 - Cinelândia

após a sessão
FESTA RIO DE JANO
no Espaço Marum (Nautilus)
Rua do Catete, 124
show com a banda AUTORAMAS
DJ's convidados: Calbuque, Ziggy e Saens Pena
Produção: Cavídeo

já está rolando no saguão do Odeon a exposição dos desenhos de Jano, do livro Cidades Ilustradas (clique no cartaz pra ver algumas).

segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

- o dia já vem raiando, meu bem
- segue em paz.


outono.

pronto, já deu. já estou cheia deste verão, deste clima carnavalesco, deste aeroporto, desta babilônia, dessas cores sorridentes, desses corpos saudáveis, desses lugares lotados, desta luz feérica, dessas coisas animadas.
quero minha bat caverna.

(e nem posso voltar à programação normal, o que seria a programação normal numa revolução?)


dia mil e trinta e seis.


não fui ver Irreversível nem Dogville sozinha porque já tinham me avisado que depois era difícil. não é aconselhável passar dificuldades por nada.
mas acabei voltando lá. sei lá pra que. estava acompanhada, amparada, me sentia segura, determinada, cheia de certezas, quase indiferente, por cima da carne seca. nada poderia me atingir.
ra ra.
não sei porque insisto em testar meus limites.


e não sou exatamente uma leoa de bronze da pracinha, se é que me entende, não posso voltar mais a lugares assim, de jeito nenhum, nem por dois segundos.


por falar nisso queria ser como essas pessoas tão civilizadas, desprendidas e neutrinhas nos momentos difíceis da vida.
mas não sou não, eu fervo.


há que controlar, mas sem cair na hipocrisia jamais.


na ironia pode, né? sem ironia não dá, só restaria botar vidro moído na comida dos desafetos, essas extravagâncias medievais.


(e ninguém tem que ligar pro que eu digo, viu? eu falo com as paredes do meu blog.
e nessas horas nem eu sei o que estou mesmo pensando.
além do mais blog é tudo mentira, ficção, novelinha muito da fajuta, diário adolescente retardado.
se eu fosse você ia ler outra coisa.)


que foc.


yesterday all my troubles seemed so far away.


mas não tou triste não, sabe? tou procurando por onde ir depois de toda essa história. vou por lá, não dá, volto, experimento por ali, talvez quem sabe.
nem triste nem alegre nem indiferente, tou procurando a porta certa e pagando pra ver.
como sempre, aliás.


acho que a operação tapa-buraco foi pro buraco, hohoho.


mas é tão diferente, não acha? tão.
é difícil acostumar.
é mais "concreto", dizem que mais saudável e "normal".
mas tão mais frouxo, mais de ocasião, menos sincero, menos visceral, menos fundamental pra sobrevivência.
menos real.
a gente força a barra mas de repente fica tão claro que está forçando a barra.
não pode ser igual, não vai ser o que se quiser que seja, às vezes não é nada.
acho que isso é síndrome de abstinência da minha droga alucinógena mágica fantástica.
que não era quase nada mas parecia tudo.
inclusive parecia minha.
mas drogas matam, não é? quase morri de overdose de alucinação.
então vamos viver, que a vida é muito curta e não há te-e-e-empo pra lamentar o que não existe, meu bem.

domingo, 25 de janeiro de 2004

ô morena do mar
ói eu, morena do mar
ô morena do mar
sou eu que acabei de chegar
ô morena do mar
eu disse que ia voltar
ai, eu disse que ia chegar, cheguei
para lhe agradar
ai, eu trouxe os peixinhos do mar, morena
para lhe enfeitar
eu trouxe as conchinhas do mar
as estrelas do céu
morena, as estrelas do mar
ai, as pratas e os ouros de Iemanjá

(Dorival Caymmi)



( ) "o vôo de Ícaro".
( ) "esses homens maravilhosos e suas máquinas voadoras".
( ) "as asas do desejo".
( ) "voar é com os pássaros".

eu gosto de ver as ruas lá de cima.
mas tenho que declinar dos convites pra passear de ultraleve, depois do acidente com o Herbert Vianna perdi a vontade.
há uns tempos atrás o meu irmão, na fila de espera do ultraleve, acompanhava o vôo dos aeromodelos (tão perfeitinhos que confundem a gente, né? parece que é pela distância que se vê tão pequenos), quando um dos aviõezinhos embicou e se espatifou no chão diante dele.
meu irmão abandonou a fila do ultraleve pra sempre, e fiz o mesmo depois do acidente do Herbert.
já helicóptero, nem adianta argumentar, é o transporte aéreo mais seguro do mundo depois das asas próprias.



estranha inversão de papéis, freqüentemente vejo a cidade com olhos de turista, e o visitante, com olhos de morador.



procê ver quanto talento me cerca: além de profissionais ducaramba e gurus musicais indispensáveis, esses qsf podem se revelar em áreas insuspeitadas. Marcosco é praticamente um Olivier Anquier na cozinha.
e acho que gostaram da idéia (não foi minha) de encontros culinário-festivos qsf temáticos - se a tchurma não voltar ao denise-está-chamando de antes, apesar da dureza geral poderemos comer muito e bem o ano inteiro (iau), e com ambientação e música combinando.
(mas como a minha festa não foi temática? foi found in translation, soylocoportiamerica, por aí.)



e por falar em denise-está-chamando, você percebe que algo estranho aconteceu quando encontra seus amigos holográficos (quase) todos juntos e ao vivo várias vezes na mesma semana.
magnetismo intensificado por influência da entrada do sol em todos os signos.



outra primavera.

fiz a cama na varanda
me esqueci do cobertor
deu um vento na roseira
ai meus cuidados
me cobriu toda de flor



diante de Santa Tecla eu afirmei, me prometi, me jurei que não falaria aqui sobre isto.
então não falarei sobre isto.
mas veja bem, ao não falar sobre isto poderia estar falando daquilo, mas também não estou.
porque aquilo é o outro lado disto.
e isto está aqui dentro e aqui fora em todos os lugares e nem precisaria falar, mas não falando é como se falasse mais.
porque está e não está, mas é como se estivesse e talvez esteja.
isto é o que me faz cumprir infalivelmente, infalavelmente, a palavra, as promessas e as juras.



e toca a viver a vida florescida enquanto der

booooooom diiiiaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

a febre de mudança às vezes contamina áreas que estavam bem, assim.
mas é inevitável, ou muito difícil de segurar. é um sentimento que toma as rédeas, quando você percebe já mandou tudo que atrapalhava pro grande saco das amarras indistintas e jogou o saco no rio.
limpeza quase total, porque nunca se começa do zero. liberdade quase total, porque nunca se quer estar solto dos interesses.
agora o destino é o horizonte, dá um medinho no fundo da barriga mas é bom.
arrá, mas você nunca será repotencializado como o teto do carro da TransExpert Valores, nem malhando muito.
e falando em mostrar pontos turísticos, sabe o que eu sempre imagino quando vejo um carro aberto daqueles de transportar turistas vestidos de caçadores na jungle? e se eles fossem atacados com bananas?? bem aquilo que esperam de nós.. e já pensou a manchete no NYT?
"turista americano atingido por banana perdida no Rio de Janeiro".
o sítio, ainda não vendi porque tem uns duendes filmando lá, e fazemos tudo pelo cinema nacional, mas aceito propostas milionárias.
tem rio (limpo!) lá dentro com prainha nas duas margens, casa com varandão e churrasqueira, tem laguinhos com patos e marrecos, peixes, passarinhos, cachorros vira-lata, formigas, lagartixas, onças pintadas da baixada fluminense, árvores frutíferas de sítio, árvores floridas, hortinha de ervas, cogumelos alucinógenos, muitas pedras e o principal atrativo: no caminho, ao ver uma placa de "cuidado, bêbados na pista", você pode mostrar pra visita a casa do Zeca Pagodinho. e se tiver sorte, pode dar adeuzinho pra ele na tendinha da esquina.
et.. phone... home...



clique
"meu lugar é aqui
faz de conta que eu não saí"
tem piscininha no alto da Pedra do Arpoador, remanescente da última ressaca.
água quente, claro, não convém entrar.
floresta de algas, abundante fauna marinha e umas crianças que topam qualquer parada, inclusive cozinhar-se em água quente com sal. (nham... disse o tubarão voador.)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

orcas  orcas
uma das melhores coisas que me aconteceram recentemente foi a Lu voltar a morar aqui.
quem mais no mundo discutiria comigo se o corte no pedaço de bolo foi no eixo x ou z, ou se há mais de um eixo no corte epistemológico?
noutro dia eu joguei fora um Frontline que achei no armário (sem Clarinha, sem pulgas).
aproveitei e joguei muitas outras coisas fora.
operação Pote de Geléia* concluída com sucesso, câmbio final, desligo.

(* de um filme que eu vi, faz muito tempo: liberdade é jogar fora o pote de geléia comprado pro filho que se mudou, pra visita que não foi, pro amigo que já morreu.
operação Nunca Mais.
essa mania de recusar o nunca mais, como se fosse bom sempre deixar portas abertas pro quem sabe um dia.
não. nunca mais é ótimo, é sábio, é necessário, é saudável. não quero mais, não tenho que agüentar, não preciso disso são muito, muito necessários e saudáveis nos casos apropriados.
longa vida ao nunca mais).
- Assuncion, hoje?
- Burundi, hoje?
- Paramaribo, hoje?
(são tantas opções...)
1, 2, 3, 4...
não,
1000, 999, 998, 997, 996...ffff 995, 994...
sabe aquela rua? tem um tapete de flores amarelas sob as árvores.
é a cidade se preparando...
talvez vocês não entendam, porque nunca foram misses (ou não foram crianças freqüentando a aliança francesa e sonhando com raposas que falam francês e aviões caídos no deserto). mas é muito importante pra saúde da minha memória que seja uma ANIMAÇÃO e não mais uma versão filmada, que isso é catastrófico - não aguento ver filmes sobre desenhos, se me entendem. (mas não que precise ver uma animação, a memória é do livro e basta. enfim)



cerveja contra envelhecimento (!) é lançada na Alemanha.
é bom viver numa época de vícios com poderes medicinais.



eu tenho horror de naum. odeio naum. escrevam nao que dá pra entender perfeitamente, não me obriguem a ler naum de novo. obrigada, valeu, agradecida.



salvem as focas!



ah só me fez dilacerar
ver tanta gente se entregar
mas não me conformei
indo contra a lei
sei que não me arrependi
tenho um pedido só
último talvez, antes de partir
quando eu morrer me enterrem na Lapinha



nada não, apenas não consegui me cadastrar a tempo e me tornei uma usuária ilegal de celular suspeito.
e tou mesmo muito preocupada, acho que vou me jogar da ponte.



hoje é cada um por si.. :)
(mas não vou ver o embate feroz, que lástima).



Com cuidado examino
Meu plano: ele é
Grande, ele é
Irrealizável.
(Brecht)



você precisa, necessita, carece de conhecer isto aqui: (se ainda não conhecia).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2004


Keith Haring no CCBB
COMICLOPEDIA!
Numa escola norte-americana...

- Michael, o que você fez no recreio? - pergunta a professora.
- Brinquei na areia.
- Muito bem. Se você escrever na lousa a palavra "areia" corretamente, você leva um 10.
O garoto escreve.
- Muito bem! Ganhou um 10. Agora você, Peter: o que é que você fez no recreio?
- Eu também brinquei na areia.
- Certo. Se você escrever na lousa a palavra "brincar" corretamente você também leva um 10.
O garoto escreve.
- Ótimo! Um 10 para você também. Sua vez, Ahmed. O que você fez no recreio?
- Eu também queria brincar na areia mas eles não deixaram...
- Mas que horror! Isso é discriminação contra um grupo étnico minoritário, subjugado pelas classes sociais burguesas e imperialistas! Olha, Ahmed, se você escrever corretamente "discriminação contra grupo étnico minoritário, subjugado pelas classes sociais burguesas e imperialistas" você também ganha um 10!

(do Ranzinza )
O Globo - tigres brancos nascidos no zoo de B.Aires
três tigres tristes
mais Furio Lonza
"www.cdi.org.br é o site da ong que recolhe computador velho.
eles encolhem e viram palmtops obsoletos."
(Marcos)
Posto 6

a fase amanhecer é um descanso merecido.
é ver a luz que já estava lá.
é andar pela areia sem precisar de proteção, é mergulhar muito muito fundo pra ouvir só silêncio cercado de azul turquesa.
é voltar de uma viagem longa querendo aparar a grama que cresceu no quintal e deixar tudo limpinho.
a fase amanhecer é pré-despertar e não combina com barulhos e cores berrantes.
é sorridente, sem gargalhadas. e não perde a ternura jamais.
a fase amanhecer não é reconstruir, não é levantar da queda, não é recomeçar como quem esquece o que ficou pra trás.
é perceber a luz que estava lá, sempre esteve, sempre estará, mesmo quando os olhos estão fechados.
a fase amanhecer não deixa pra trás o que faz amanhecer.
a fase amanhecer ainda confia. não é otária nem ignorante dos males do mundo, mas pode confiar mesmo depois das decepções, porque nem tudo precisa se repetir.
a fase amanhecer não é otimista, não é pessimista nem realista. é imaginativa.
a fase amanhecer é reaprender a respirar, mesmo se faltar oxigênio.
somos nós todos brotando depois da chuva.
claro/escuro

terça-feira, 13 de janeiro de 2004

não tenho mais o que dizer.
não é tristeza nem desânimo, é só necessidade de silêncio com desnecessidade de ficar aqui, porque já passa da hora e tá lindo lá fora.
té mais.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

então vamos ao que interessa: contas a pagar, providências a tomar, necessidades a suprir e um dia inteiro a atravessar (que pelo menos vai acabar bem, é aniversário da Regina!)
booooa taaaaaardeeeeeeeee!!!!!!!!
[md diário off]
uma vez eu tive um sonho com o buraco-do-verme, que a gente atravessa sem perceber e vai parar em outro tempo, outra dimensão.
há buracos e buracos.
alguns buracos só fecham de dentro pra fora, como as feridas.
a tampa externa é só um cuidado pros passantes distraídos não caírem lá dentro.
"não vou ficar dando adeus
as coisas passando
eu quero
é passar com elas"

mas sabe o que eu não sei? é enterrar.
mumificar só serve se tiver por cima uma pirâmide de entranhas inacessíveis guardadas pela peste mais mortal.
porque não é só esquecer os vínculos, entende? é retomar os lugares ocupados.
eu ando por aí e todas as ruas com seus acontecimentos e cenários estão comprometidas, todos os programas de tv e os comerciais, os filmes e as bicicletas, os noticiários e os livros, as comidas e as músicas, tudo tudo tudo.
eu fiz o que ninguém faz. e eu sabia, mas enrolei todo o meu mundo num centro ôco, tricotei sobre um eixo que era vidro e se quebrou.
ando por aí e as coisas não me pertencem, deixaram de ser, existem pra nada, e eu tenho que inventar uma nova função pra elas, um novo interesse, um detalhe ali que ainda não tinha notado.
quero de volta logo tudo o que era meu, e agora de mais ninguém.
tem hora em que é tão difícil andar pela rua.
a felicidade tem que ser cotidiana, é uma obra aberta em eterna construção, blablablatiriri, eu sei. mas o pior é que a cada dia o pedaço pronto escorrega pro buraco e tenho que inventar outra começando do princípio.

domingo, 11 de janeiro de 2004

o mundo gira e as coisas coisam!

*


eu vi Penedo e lembrei tanto daquela casa. *suspiro*
pra ter certeza de que um ano novo começou de verdade só faltava botar aquele muro abaixo e confraternizar na rede da varanda.
tim tim.

*


pra frente Brasil
minhas primeiras impressões sobre a seleção: o Diego não é a cara do Dinho-Mamonas-Assassinas?

*


eu e o Mc Donald's amamos muito tudo isso.
eu e o Mc Donald's temos vidraças.
(e acabam aí as semelhanças entre eu e o Mc Donald's).

*


todo mundo fala do NY City Center e sua bizarra estátua da Liberdade na fachada mais horrorosa dos shoppings da Barra (e olha que tá ficando difícil escolher).
mas está convenientemente oculto dos olhares passantes o vencedor do quesito Conjunto (bizarro), o Barra World , que conseguiu reunir num terreno interno do shopping (de fora só são vistos os cocorutos) uma torre Eiffel, uma torre de Pisa, uma torre de Londres, um palácio dos Dodges... e gôndolas, tudo junto ao mesmo tempo agora.
não um, mas vários monumentos ao bom gosto do bairro, porque convenhamos, a Europa é muito mais sofisticada.

*


sabe que até gostaria de funk (daqui) se eu não entendesse as letras.
e se não fosse sempre tão mal cantado, se as músicas não fossem tão repetitivas, se as coreografias não fossem tão assim e se as mulheres do "meio" não tivessem tanto orgulho em serem tratadas como lixo (não falo de relações particulares, mas de mulher=lixo como valor social).
enfim, se fosse outra coisa.
mas quando ouço de longe até que me apraz, tenho que confessar.

*


ainda tem uns recantinhos semi-rurais nos arredores bem próximos às aglomerações urbanas, como Pedra de Guaratiba, Vargem Pequena e Vargem Grande, onde a mistureba total (no que você imaginar) é bem a cara deste estado todo.
todos juntos somos fortes, confusos e sobreviventes.

*


e colé o lance da parada?
1-estrada, verde-e-céu, música, fresquinho, chocolate.
2-mar, galera, torta de siri, bar, telão, calor e canção de ninar.
quer mais? (eu quero).

*


tenho visto uns filmes estranhos. ou melhor, estranhamente tenho gostado de uns filmes vistos sem muita escolha. ou melhor, estranhamente vejo que poderia não ter visto filmes de que gostei, se escolhesse antes. ou melhor, surpresa boa é bom.

*


paz na terra começa com paz na vizinhança, né?

não vou mais matar aquele pianista dos infernos, vou jogar camarõezinhos com uma zarabatana dentro do piano, pra feder tanto que ele vai ter que dar umas férias pra gente até descobrir o que aconteceu.

como eu dizia, paz e amor, folks.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2004

missa de décimo dia:
foi parte da sua vida, precisa de um tempinho pra desacostumar.
horários, espaços, sons, cores & nomes, detalhes tão pequenos - tudo ligado a uma presença que não está mais lá. acabou, desliga, muda os hábitos, esquece.
ou melhor, desvia o foco, porque não se apaga assim não, é sua história.
sem drama, até que esfrie a memória dos 15 anos de rotinas, surpresas e carinho, da companhia generosa e exigente - era uma cachorrinha roquenrou leonina passional como eu...
a isto chamam de luto.
em qualquer intensidade, perturbador e inevitável. mas passa logo.
(e tem razão, não vale só para a Clarinha).


e pra isto é que serve o Tapaburaco Expresss Tabajara, né? facilita bem.


um quase insight: acho que eu devia estar mais triste, mais de acordo com o que a situação (não esta, a outra) exigiria. mas sabe como é, nasci com defeito de fabricação. ontem cheguei na área e tava lá me olhando do secador a camiseta que me trouxe todas essas associações. e como, depois de um curto mês e meio de análise, o Ser-Superior-Que-Tudo-Vê-e-Tudo-Sabe* resolveu entrar de férias no momento em que eu mais precisava, danou-se, eu me viro como dá.
mas eu ia dizendo, a camiseta sorrindo e linguando lá do secador, vesti minhas lembranças e saí por aí, em vez de tomar chá com torrada tomaria parati, mas nem preciso.

iééééééééééésssssssssssssss!!!!!!!!!!!

freedom of speeeeeeeeeeeach!!!!


(*)calma, amigos psis, é brincadeirinha, na minha vasta experiência acadêmica dispersiva também constam dois anos de faculdade de psicologia, e minha turma (os melhores, claro) se reúne até hoje pra brindar cada ano que entra e relembrar ideais, lamas, podreiras, bundalelês, nobres gestos, sufocos, prisões e uma amizade interminável (atualmente a maioria é respeitável profissional cuidador da cabeça dos outros mas alguns, como eu, preferiram bandear-se pra outras profissões menos consideradas. aliás, entrei na Psicô pensando em pesquisa - hahahahaha, tolinha - e não em ser analista. aliás, isto já é outro post que fica para outra vez, talvez.)


não tem jeito, minha vida não tem lugar pra tango, é um sambarroque meu irmão.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2004

rumm.. sinto muito, ainda não deu.
não deu pra voltar hoje como eu queria, com posts objetivos interessantes e o roteiro de visitas cumprido.

(pausa pra uma observação sobre a bizarrice da existência: não é curioso que ELES sempre recomendem um afastamento do computador e mais vida real e NÓS nos desculpemos por estar abusando da vida lá fora e participando pouco daqui?)

mas continuando: ainda tenho muita coisa, muita, muita, pra botar em dia antes de considerar o ano totalmente começado.
então ainda é uma questão de ordem e progresso empregar o tempo pra resolver problemas e arranjar outros problemas pra resolver mais tarde.
você sabe que está indo bem quando canaliza a energia pros atos construtivos, não é isso? (acho que não, pode ser só sublimação, desvio do foco, mas tudo ok).
e além do tempo, ainda tenho a atenção presa lá fora, do lado escuro da lua.
tenho aprendido muita coisa nestas últimas horas: sabe palito de fósforo? pois é, eu entendi totalmente o significado do fósforo. a chama alta que consome tudo e apaga rápido e deixa o carvãozinho altamente quebrável ali, pra nada. isto quando não queima o seu dedo.
eu conheci as entranhas do fósforo, a essência, o sentido, o destino traçado pelos deuses para os fósforos.
e nem posso dizer que não sabia, mas é tão fácil fingir que se tem mais do que se tem.
coisa tão banal, acontece com todo mundo. com você também, que eu sei.
mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira? nem sempre, às vezes ajuda a superar uma fase complicada que TEM QUE ACABAR e a gente não sabe como.
não é grave, ninguém morre por causa disso, ninguém. fósforos são úteis.
mas agora eu tou aqui com toda esta consciência inútil, querendo estar lá ouvindo Astor Piazzola pra aproveitar um pouquinho mais das férias na ilha da fantasia, mas sei que já tá tudo incendiado, até das lembranças só vão sobrar carvõezinhos..


ps. amanhã, sei lá.

terça-feira, 6 de janeiro de 2004

tou com saudades dos amigos de blog (oi, amigos de blog).
no ano novo que amanhã se inicia pela segunda vez, pretendo voltar às atividades comunicativas interrompidas por ocasião da grande marcha para dentro dos meus assuntos (os péssimos e os ótimos), por mim empreendida nos estertores do ano findo.
visitá-los-ei, comentarei seus posts inspirados e meterei a colher nos assuntos que movimentam a blogosfera (tem algum? tou meio por fora) como antes, esperando que voltem a me aceitar na panelinha amiga como retornada-amiga-pródiga. tou sentindo falta mesmo.
mas tudo a partir de amanhã.
hoje é o último dia de férias desse mundo aí e dedicação umbigal exclusiva.
ah, e feliz ano novo chinês (que é lá pelo dia 22, segundo dizem. preparem as cerimônias de sacrifício e treinem seus trinta tigres tristes pra guardar as portas do templo).
que estranho, a semana foi como uma onda. vem com tudo e arrasta tudo quando vai.
- e se o Brasil entra em guerra com a Argentina?
- a gente vai pra Bahia.
(foi aprovado com louvor no teste de imigração).


vaca vitória: sabiá voou voou voou voou
e a menina disse a chorar que não dá mais pra viver de sinais de ciberfumaça.


chuif: o ano novo durou só uma semana.


melô do aeroporto:
- vem
- fica
(e a espaçonave furou o firmamento. mas a ET é que tá aqui no chão.)
11:38 AM


buááá: agora é ter cuidado pra vida não virar um tango.
12:51 PM


ou aprender a dançar conforme a música.
12:53 PM


iéééé: lá vou eu de novo encher o balão verdinho, pintado de azul e branco.
oh céus.
12:56 PM


hoje é o primeiro dia do resto da minha incerteza. ou não?

pós-todos-os-posts-de-hoje: com o intuito de informar e acalmar seus 7 leitores, este blog assume o compromisso de que este fundo musical de bandoneón se auto-extinguirá até amanhã e que não haverá posts com letras de músicas em espanhol/castelhano sob nenhum pretexto, que nenhuma Mercedes ou Fito ou semelhante pisará este solo sagrado nas próximas horas.
(ah, mas depois não sei, né? depende).

pp2: ah sim, futuramente encaminharei todas as adolescências aos recipientes apropriados. mas hoje deixa eu.

pp3: eu tinha desviado isto tudo pra caixa preta, com vergonha dos 14 anos aparentes, mas deixa aí a memória do meu dia. se foi isso o que consegui hoje, meus 7 leitores (talvez agora 6, 5..) vão entender.

amanhã, programação normal e o melhor do carnaval.
reciprocidade-mau humor
(Arnaldo Branco, mau-humor . vi na Fal )

segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

aproveitar cada minuto, cada restinho de sol pra respirar ares mais buenos antes de ser tragada pelo vácuo da cidade.
¿y como será o amanhã?
amanhã a gente vê.
minha sina, os fogos de artifício?

domingo, 4 de janeiro de 2004

festa ADM

ingressos antecipados na cavídeo (cobal botafogo)



e... 10 anos de Humaitá pra Peixe
começa amanhã.



Modern Sound, aquela loja dos cds importados caros pra caramba, e dos normais mais caros que a loja da esquina.
eu, Ed Mota, Moraes Moreira e uns amigos, que somos chiquérrimos, de vez em quando vamos lá tomar vinho e ouvir jazz, blues, mpb boa e un chiquito de buessanueva instrumental pra acalmar a ansiedade dos virtuoses improvisadores (todo mundo quer dar canja). uma cantora excelente, uns arranjos ducaramba, um povo sensato que ouve o show E JAMAIS CANTA JUNTO, graças a deus.
e tem mais: Kleberson Caetano e Gelsinho. quando eu crescer quero ser baterista, mas assim.
agora, compro cd na loja da esquina mesmo, quando compro.



receita de virada:
- banho de chuva, banho de sal: limpeza, leveza, descarrego
- muita energia fervendo nas veias abertas da américa latina
- começar pelo princípio, recomeçar pelo princípio, apagar o que não ficou como você queria
- sopa de pedra bem temperada nas emergências
- não bobearás: nada é o que parece
- não te iludirás: parecido não é igual, não é o mesmo, não é aquele
- não te enganarás: pra que, se não é o que você quer e só vai impedir que seja?
- não empurre pra mais distante o que você precisa alcançar, troque o cabo de vassoura por um gancho, cabo curvo de guarda-chuva, por aí
- lembrai-vos: viver não é só sobreviver
- paciência, paciência mas com um pouco de impaciência pra não dormir enquanto espera
- aceitamos todos os cartões de crédito
- acorda que o dia já vem raiando e a polícia já tá de pé



ai, nem vem de novo com este "sofro porque entendo", será que não dá pra perceber o ridículo do discurso da superioridade beat-generation de discernimento, numa altura dessas?

e o pessimismo é conformista... o otimismo pelo menos te faz correr atrás, movimenta, põe pra agir.

pois eu sou insensível assim porque uso o Ignoreitor Plus Tabajara, que já vem com tapa-olhos sociais.



um dos rituais de início de ano mais apreciados pelas tribos classe-média costuma ser o da arrumação das coisas.
do quarto, da casa, da casa nova (outro ritual comum é o da mudança de endereço, outro ainda é o das separações), do escritório, da estante, das gavetas, da despensa, do esconderijo das dogras. o que importa é separar o que não serve mais, se livrar do lixo, abrir espaço pro que ainda não veio (ou veio e sobrou do lado de fora).
pois é, então, eu tive que arrumar tanta coisa neste início de ano, tanta mudança de prioridades, tanta morte, o novo berrando por espaço, o fantasma do que se foi ocupando indevidamente, e que pena que dá me desfazer do que não era lixo.



*** eu mato baratas ***
e tenho dito (e feito).

aquelas cascudas voadoras e tudo.
aliás minha fama de matadora já corre mundo - tremei, baratas.




si la vida te paso de largo ¿qué esperas para alcanzarla?



e qual a primeira coisa que me vem na cabeça ao ler isto: ?
e se uma forma de vida de 4,6 bilhões de anos resolve pegar carona nesta cauda de cometa?
danar-nos-emos todos ou seremos salvos pelo imponderável?



que cansaço. e ainda nem começou.



férias de algumas rotinas, engrenando uma segunda, terceira, quarta em outras.
eu e a valorosa torcida do Flamengo encarando os desafios do desconhecido.
tem que dar certo desta vez.

feliz ano meu, teu, nosso, e ninguém tasca.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2004

e aí?


foi bom pra vocês?


já notaram muita diferença de quarta pra hoje?


el mamut se murió.


serenata do adeus:

aí seus amigos estrangeiros fazem ABSOLUTA QUESTÃO de conhecer os pontos turísticos do Rio assim nas vésperas do réveillon mais acessado por turistas dos últimos 2003 anos, e você pensa rápido automaticamente num modo de escapar deste programa de índio.
até que lá no alto da floresta da Tijuca (é claro, você não conseguiu) é a primeira a babar com aquela paisagem deslumbrantemente escandalosa sob o sol da tardinha e, embriagada pelas vistas, dá idéia de levar seus amigos ao Pão de Açúcar e Corcovado (mas ao descer pro trânsito normalmente enlouquecedor da época, decide que será na outra encarnação).

então, e tome praia (cheia) porque é verão - e só choveu quando já tinham se esgotado as forças.
e caipirinha (maravilhosa, com cachaça Magnífica - vou cobrar pelo merchandising), porque é Brasil.
e samba (do bão , claro), porque é a terra do samba. tudo bem, é relaxar e aproveitar. e até carnaval eu pulei.

pois é, programa de índio e/ou turista pode ser muito divertido.


às vezes é bem legal encarar as coisas como se fosse a primeira vez.
uma ET conhecendo a Terra.
a gente se encanta com o que nem notaria.


e como nem tudo é encantador, em algumas situações esta atitude só aumenta a perplexidade com tanta falta de sentido.
mas você sabe, os ETs não estressam, nunca enlouquecem, apenas acham graça dos costumes bizarros deste planeta primitivo e voltam rapidamente pros seus habitats cósmicos sempre que o bicho pega.
isso quando não desintegram imediatamente o que ou quem está atrapalhando, com sua pistolinha de raios azuis. mas totalmente blasés.


descobri que poderia sobreviver de pipoca, pizza e cerveja.
e café.
champanhe também (serve espumante italiano).
ah, e queijo, vinho, caipirinha, azeitona, quibe, quindim, sorvete de chocolate e, obviamente, chocolate mesmo, meio-amargo de preferência.
ia virar uma orca, mas sobreviveria feliz, feliz.


milagre:
fúria solar, tempestade de areia, vento chicoteando, solo rachado, pele calcinada, ossos antigos.
e choveu no chão crestado.
o vapor subia, a água desaparecia nos sulcos, e os céus carregados despejando mais, mais, mais, já nem se espera e lá vem mais.
tá esverdeando de novo, mas não é bom pastar tudo de uma vez que estraga.


neste velho fucking mundo o desespero pode ser mortal, mas também é banal.


quem é você?


a gente não precisa dessas respostas absolutas, já reparou? este auto-conhecimento só é útil até determinado limite, depois é entrave.
porque é um engano, a gente não sabe quem é - mas acha que sabe, e não reconhece validade no que surpreende.

olá, muito prazer em me conhecer.
- do que eu gosto? do que preciso manter distância? o que vou fazer da vida agora? como acordei hoje, pra que acordar amanhã? isto é mesmo necessário? é importante? mas por que diabos eu fui fazer aquilo? mas como eu fui capaz de tanto? de onde vim para onde vou?
- sei lá.
- foquiu.

- me alimenta, me alimenta, me alimenta, hein, me alimenta, ah vai, me alimenta, puxa.
- com o que tenho de melhor, nunca te faltará nada.
- você não entendeu, vem cá: nhoc gulp. pronto. era isso.


e vai que o cara se diverte criando a realidade como em Adeus Lenin (ou como o Cesar Maia) e fica difícil aceitar os imprevistos incontroláveis.
- ei, tá chovendo
- não, são os respingos que a prefeitura instalou na praia pra amenizar o calor
- ah tá


a gente precisa de rituais, não é? de símbolos, de marcos.
mesmo dizendo que é tudo bobagem, sem eles as coisas ficam suspensas, flutuantes, esperando Godot.


tchauzinho, tá chegando a hora, meu trem já vai.
feliz ano encharcado (lavou, tá novo).