terça-feira, 27 de janeiro de 2004

Las Cucarachas

1º ato:
ao abrir a porta, a visão dos infernos: um baratão cascudo maculando a brancura do banheiro, ouriçado de calor, com as antenas fixas em você.
sim, há sapatos no recinto, mas matar baratas tão imensas com objetos pesados requer tripla dose de coragem: pro ato de se dirigir até as proximidades da barata, pro ato de ver, ou apenas imaginar, o esmagamento nojento do bicho mais nojento jamais criado pelo demo, e o ato mais nojento ainda de limpar o local do crime.
corre, corre, pega aquele troço de espirrar veneno e fica apertando até a bicha andar nas pontas dos pés. e que caminho ela escolhe? a sua direção, claro.
você corre mais, e perde o rumo da barata. e se o veneno não foi suficiente, e se ela sobreviver, e se ela escolheu justamente o seu quarto pra sobreviver?

2º ato:
você dorme, apesar de tudo. e sonha. com baratas.
mas surge uma de cada vez, você enfrenta e vence depois de uma luta estafante, e quando se vira há outra na espreita. sabe, assim como o Bruce Lee, um inimigo espera o outro ser aniquilado. (o sonho é seu, afinal das contas).
e é você que corre atrás delas pra matar, não o contrário.

3º ato:
você acorda e pensa: engraçado, não fugi, e venci todas sem spray, algo mudou.
você se levanta e acha a barata verdadeira na sala, de barriga pra cima, mortinha.
mas deixa ela no lugar, onde ficará até o homem da casa chegar do trabalho.

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