uma delegação do governo sandinista da Nicarágua veio aos países da América Latina atrás de apoio urgente pra sua revolução, na época ameaçada pelos EUA. (ver o pós-post).
um amigo, jornalista brasileiro casado com uma nicaraguense*, levou a galera - que nas horas vagas odiava ser dirigida pelo cerimonial e participar de eventos oficiais, porque até outro dia estava armando tocaia no mato - pra ver o carnaval carioca entre os "companheiros" (nós incluídos).
não sei de onde saiu o camarote, mas estava totalmente nu. levamos cadeiras de praia e isopor com cerveja. e biscoitinho aperitivo. a plebe não sabe se comportar.
os nicaraguenses viram passar a primeira escola. no intervalo, alguém descobriu que as cadeiras de praia eram abaixáveis e se deitou. depois outro, outro, e quando passou a segunda escola só um deles permanecia acordado, talvez no dever revolucionário de contar a experiência pros outros.
mas nós, os companheiros cariocas, nos divertimos pra caramba, viramos a noite, acabamos com a cerveja e traçamos planos culturais supermaneiros pro próximo governo a emergir de uma revolução latinoamericana.
* que depois foi ministra, e que pena, eles nunca mais voltaram pra cá (nem depois daquela eleição bizarra em que os revolucionários perderam pra candidata apoiada pelos EUA...)
pós-post: corrigi, porque confundi as datas. na verdade, era o carnaval de 84 (corrigi de novo. já deu pra ver como sou ligada em datas, né? mas o sambódromo faz 20 anos neste carnaval, então só resta 84) e o governo sandinista procurava apoio político e econômico, contra as pressões americanas. detalhes aqui:

(a delegação de revolucionários recém-vencedores foi a da Guiné-Bissau, e não teve carnaval na parada).
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