sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

esta primeira vez no sambódromo foi muito estranha, aliás.
uma delegação do governo sandinista da Nicarágua veio aos países da América Latina atrás de apoio urgente pra sua revolução, na época ameaçada pelos EUA. (ver o pós-post).
um amigo, jornalista brasileiro casado com uma nicaraguense*, levou a galera - que nas horas vagas odiava ser dirigida pelo cerimonial e participar de eventos oficiais, porque até outro dia estava armando tocaia no mato - pra ver o carnaval carioca entre os "companheiros" (nós incluídos).
não sei de onde saiu o camarote, mas estava totalmente nu. levamos cadeiras de praia e isopor com cerveja. e biscoitinho aperitivo. a plebe não sabe se comportar.
os nicaraguenses viram passar a primeira escola. no intervalo, alguém descobriu que as cadeiras de praia eram abaixáveis e se deitou. depois outro, outro, e quando passou a segunda escola só um deles permanecia acordado, talvez no dever revolucionário de contar a experiência pros outros.
mas nós, os companheiros cariocas, nos divertimos pra caramba, viramos a noite, acabamos com a cerveja e traçamos planos culturais supermaneiros pro próximo governo a emergir de uma revolução latinoamericana.

* que depois foi ministra, e que pena, eles nunca mais voltaram pra cá (nem depois daquela eleição bizarra em que os revolucionários perderam pra candidata apoiada pelos EUA...)

pós-post: corrigi, porque confundi as datas. na verdade, era o carnaval de 84 (corrigi de novo. já deu pra ver como sou ligada em datas, né? mas o sambódromo faz 20 anos neste carnaval, então só resta 84) e o governo sandinista procurava apoio político e econômico, contra as pressões americanas. detalhes aqui:
(a delegação de revolucionários recém-vencedores foi a da Guiné-Bissau, e não teve carnaval na parada).

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