sexta-feira, 2 de janeiro de 2004

e aí?


foi bom pra vocês?


já notaram muita diferença de quarta pra hoje?


el mamut se murió.


serenata do adeus:

aí seus amigos estrangeiros fazem ABSOLUTA QUESTÃO de conhecer os pontos turísticos do Rio assim nas vésperas do réveillon mais acessado por turistas dos últimos 2003 anos, e você pensa rápido automaticamente num modo de escapar deste programa de índio.
até que lá no alto da floresta da Tijuca (é claro, você não conseguiu) é a primeira a babar com aquela paisagem deslumbrantemente escandalosa sob o sol da tardinha e, embriagada pelas vistas, dá idéia de levar seus amigos ao Pão de Açúcar e Corcovado (mas ao descer pro trânsito normalmente enlouquecedor da época, decide que será na outra encarnação).

então, e tome praia (cheia) porque é verão - e só choveu quando já tinham se esgotado as forças.
e caipirinha (maravilhosa, com cachaça Magnífica - vou cobrar pelo merchandising), porque é Brasil.
e samba (do bão , claro), porque é a terra do samba. tudo bem, é relaxar e aproveitar. e até carnaval eu pulei.

pois é, programa de índio e/ou turista pode ser muito divertido.


às vezes é bem legal encarar as coisas como se fosse a primeira vez.
uma ET conhecendo a Terra.
a gente se encanta com o que nem notaria.


e como nem tudo é encantador, em algumas situações esta atitude só aumenta a perplexidade com tanta falta de sentido.
mas você sabe, os ETs não estressam, nunca enlouquecem, apenas acham graça dos costumes bizarros deste planeta primitivo e voltam rapidamente pros seus habitats cósmicos sempre que o bicho pega.
isso quando não desintegram imediatamente o que ou quem está atrapalhando, com sua pistolinha de raios azuis. mas totalmente blasés.


descobri que poderia sobreviver de pipoca, pizza e cerveja.
e café.
champanhe também (serve espumante italiano).
ah, e queijo, vinho, caipirinha, azeitona, quibe, quindim, sorvete de chocolate e, obviamente, chocolate mesmo, meio-amargo de preferência.
ia virar uma orca, mas sobreviveria feliz, feliz.


milagre:
fúria solar, tempestade de areia, vento chicoteando, solo rachado, pele calcinada, ossos antigos.
e choveu no chão crestado.
o vapor subia, a água desaparecia nos sulcos, e os céus carregados despejando mais, mais, mais, já nem se espera e lá vem mais.
tá esverdeando de novo, mas não é bom pastar tudo de uma vez que estraga.


neste velho fucking mundo o desespero pode ser mortal, mas também é banal.


quem é você?


a gente não precisa dessas respostas absolutas, já reparou? este auto-conhecimento só é útil até determinado limite, depois é entrave.
porque é um engano, a gente não sabe quem é - mas acha que sabe, e não reconhece validade no que surpreende.

olá, muito prazer em me conhecer.
- do que eu gosto? do que preciso manter distância? o que vou fazer da vida agora? como acordei hoje, pra que acordar amanhã? isto é mesmo necessário? é importante? mas por que diabos eu fui fazer aquilo? mas como eu fui capaz de tanto? de onde vim para onde vou?
- sei lá.
- foquiu.

- me alimenta, me alimenta, me alimenta, hein, me alimenta, ah vai, me alimenta, puxa.
- com o que tenho de melhor, nunca te faltará nada.
- você não entendeu, vem cá: nhoc gulp. pronto. era isso.


e vai que o cara se diverte criando a realidade como em Adeus Lenin (ou como o Cesar Maia) e fica difícil aceitar os imprevistos incontroláveis.
- ei, tá chovendo
- não, são os respingos que a prefeitura instalou na praia pra amenizar o calor
- ah tá


a gente precisa de rituais, não é? de símbolos, de marcos.
mesmo dizendo que é tudo bobagem, sem eles as coisas ficam suspensas, flutuantes, esperando Godot.


tchauzinho, tá chegando a hora, meu trem já vai.
feliz ano encharcado (lavou, tá novo).

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