sábado, 31 de janeiro de 2004

L diz:
o bicho vai pegar:

Hilda diz, mas não devia:
defender a polícia é mesmo difícil.
e logo eu.
mas acho absurda a forma como a imprensa trata as "forças da ordem" que ela mesma vive pedindo o tempo todo: nessas horas de confronto com o poder do tráfico, nunca apóia seja qual for a estratégia, os meios mobilizados, o comportamento.
e não há argumentos, apenas provocação (não vai dar certo, a polícia vai falhar, vai fugir, vai perder).
no caso da Rocinha eles se anteciparam, estão lá dentro tentando evitar a guerra, parece que há um trabalho de inteligência sendo levado a sério, não custa pelo menos tentar não desmoralizar.
ficar de olho, sempre, denunciar abusos, corrupção, falta de recursos não é o mesmo que ridicularizar a tentativa de prevenção de um massacre, afinal a população tá sempre de marisco, entre o rochedo e o mar.
e lembrando que os soldados que ocupam a favela estão se expondo, porque são mortais, e alvos uniformizados, e nem todos são bandidos "do lado da lei".
com todo o ódio latente, mais que justificado, da população mais pobre contra a polícia, conseqüência da experiência de toda uma vida, no momento a intervenção do poder público parece ser uma necessidade, e urgente, pelo menos pra equilibrar a balança do poder na favela: basta ver o detalhe cruel da convocação prioritária pelos traficantes, sob ameaça de morte, dos jovens que participam de projetos sociais pra diminuir a importância econômica da droga nos bairros populares.

e ó, eu queria falar da abertura das comportas da barragem, de prevenção, que inundou povoados pelas margens do rio afora (diz a empresa que as populações "foram avisadas com antecedência"); das tempestades furiosas de verão, as cheias no nordeste e o eterno despreparo das cidades, como se fossem pegas de surpresa todo ano; dos cataclismas em geral e do quanto ainda se os atribui a causas naturais incontroláveis; do Fla X Flu de amanhã; do robozinho espacial que foi consertar outro robozinho em Marte; do trabalho escravo agrário que é a coisa mais antiga desta terra; do dia deslumbrante azul-dourado e do aviãozinho que caiu no mar, no Recreio; das festas de aniversário ao ar livre; do meu almoço e do meu futuro.
mas veja, agora não dá, tô indo ali.
e nem depois, pensando bem, que vontade é coisa que dá e passa.

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