terça-feira, 3 de fevereiro de 2004

e de agora em diante toda realidade será omitida, ou melhor, a realidade havida será substituída por outra bem superior.
não mentiras, ficção.
porque, como saber o que é real, existente e objetivo, quando nosso desejo faz o que quer com nossa percepção? como saber o que houve e o que haveria se tivesse havido como pensamos que houve? como saber o que há se investimos tudo para que haja como queríamos que houvesse?
então me rendo aos limites, reconheço falhas na minha onisciência, duvido da minha onipotência por breves instantes e decido que tudo será de agora em diante ficção.
(não na vida, bem entendido, que isso já acontece há tempos, mas aqui neste blog.)
personagens, cenários, emoções, cenas inventadas. mesmo quando não.
não acredite, não interprete, não pense que.
até opiniões, pensando bem, podem se manter objetivas e coerentes dentro de um prazo de validade, depois quem garante? podem desandar.
e fatos, já viu como são manipuláveis por interesses? políticos, jornalísticos, fofocáticos, vaidáticos, os mais variados e mesquinhos interesses. então, duvide dos fatos também, da minha visão, versão ou descrição dos fatos, da sua, da deles.
(só não duvide das fotos, o Igor é mesmo aquela gracinha. :)
mas se um post lhe parece triste, ou explosão de raiva, ou tranqüilo como um lago, ou euforicamente feliz, quem sabe tudo já mudou? e às vezes não. ou pode parecer a seus olhos, sem realmente ser como lhe parece.
com o que você diz também não é assim?
pois então.
não se trata de insinceridade, apenas é mais justo que este blog seja visto sempre com o filtro da relatividade, sem pé-da-letra, sem espelho d'alma. mesmo porque não pode ser de outra maneira. a dor da gente não sai no jornal, os sentimentos não passam incólumes por palavras, os canais por onde o sangue ferve não são vasos comunicantes.
não ligue, não ligue pra nada disso.
porque você sabe, é mais fácil desencanar dessas letrinhas do que elas deixarem de existir nos momentos de necessidade.
pensando melhor, nunca se sabe.

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