segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

observando o outro lado das coisas:

primeiro, as coisas não tem outro lado, porque chegando ao outro lado já não é o outro, é o este.
(como ensinava Flau aos filósofos do templo desde a mais tenra infancia).


segundo:
aqui é amarelo e lunar. (lá é todo branco e crepuscular).
as pedras tem cheiro. a água tem cheiro. o ar tem uma leve cor de marfim, e no por-do-sol é um ambar translúcido, como todos os ares. há pegadas dinossáuricas nas pedras, eu vi. e cafés sophistiqués com empregados que já foram patrões. e limpeza. e gente revirando o lixo. miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes.


ali adiante é onde o vento faz a curva, não sem antes tomar muito folego.


nunca deixe para amanhã o que não se pode dizer hoje, melhor esquecer.


(a dificuldade de espremer o que transborda num container de segredos).


jornada nas estrelas:
o que faz um astrofísico? pisa nos astros sem a menor distração.


jornada nas estrelas 2:
o que faz um astronauta? navega pelos sete vácuos e um destino.


poeira cósmica:
o que faz um músico hacker? som na guitarra dos outros.


o que faço eu aqui? me perco num bosque de espelhos, e nunca mais vou achar a porta da saída.


sim, há os problemas do mundo. nacionais, internacionais, locais, individuais. eu sei. eu me recordo, eram umas coisas assim complicadas e graves. mas não me peça pra acreditar na sua existencia agora, os problemas se recolheram aos seus aposentos na outra ala do cérebro e no momento simplesmente não consigo me lembrar da cara deles.


mas eu me lembro da casinha pequenina onde o nosso amor nasceu.
não tinha coqueiro do lado, era uma padaria.


(os seres humanos falam a língua dos incas venusianos com aceleração nas quatro cordas. os cachorros latem em cachorrës universal. os livros são todos lindos. os olhos são inacreditavelmente azuis. algumas roupas são um pouco puídas, algumas almas estão um tanto esfarrapadas).


como se pode notar, não há circunflexos no estoque. mas o que são detalhes quando voce pode reaver seus hábitos por longas horas?


por toda parte deste mundo despido de imaginação, a cerimonia da lanchonete familiar domingueira enquanto programa de índio aculturado por neuroses civilizadas.
é uma tradição importada de Springfield que se espalhou no universo.


todos os jogos na tv são bauru-contra-XV-de-piracicaba-diretamente-de-limeira.


todas as paisagens são impressionantes.


toda novidade é envolvente.


todas as gentes são fantásticas, se voce ve por este angulo.


todos os lobos do mar tomam sol na beira da praia.


sonhei com pinguins enormes, do tamanho de pessoas, saindo da água conversando e sorrindo.


o quarto, não falei do quarto. e só falarei que é cenário de um filme dos anos sessenta sobre os anos 2000, com direito a foguete interplanetário e às mais belas luminárias jamais inventadas.


a música é normal. com pitadas de anormalidade. digo, particularidades, como em todo lugar.


as noites são azuis e amarelas, depende da luz.


sabe o que eu chamo de felicidade? nunca saberá.


ah, a comida. come-se. e a bebida, bebe-se. é tudo bom. e a gente não estica nem encolhe depois.
(talvez dentro de tocas sim, mas longe dos olhos curiosos do Coelho Branco).


eu voei. cheguei e continuei voando. voar é uma condição local, ou eu estou com problemas de gravidade.


baby sauro


buscando nos quatro cantos do mundo algo que esteja na minh'alma


acho que eu queria conhecer as geleiras azuis.


pensando melhor, acho que agora não.


ilhas da fantasia são todas as áreas cercadas pra rotina não entrar. as cores, luzes e formas são alteradas pela neblina cenográfica e voce acredita, porque acreditar é melhor que ver.


e em homenagem à pátria mãe gentil e à festa saltitante, inebriante e esfuziante que se aproxima,

carnaval, desengano
deixei a dor em casa me esperando
e brinquei, e cantei e fui
vestido de rei
quarta feira sempre desce o pano


cuidem-se.


aliás: foi aberta a temporada de festas, eles me entendem, não os entendo (só entendo o que quero), acho que ando bebendo de menos.


metadúvidas: e o blogger-br, ainda existe? aliás, blogs ainda existem? (este aqui, em crise existencial permanente, não conta).


saudades existem.


a neblina não chega a cegar.


vou lá, até outro dia. (descansem, prometo proporcionar muitos momentos de silencio até o outro dia).

Nenhum comentário: