terça-feira, 26 de outubro de 2004

Notícias da Ilha dos Caras:

Mariposas de outono.
Neste fim-de-semana do Aviador, homenageamos o Barão Vermelho (versão Snoopy), por causas exclusivamente estéticas, na figura argentina de S, nosso piloto particular. Que é, na verdade, um leão-marinho voador da Patagônia. Prateado, como soem ser os argentinos.
Homenagem comme il faut, rodeando a Tour Eiffel como um aviãozinho de carrossel, o Chapéu Mexicano ou as mariposa quando chega o frio dando vorta em vorta da lâmpida pra se esquentá. Paris é uma festa.

A professora Bete saiu(-se) bem no filme.
Sinto-me como se inventora da técnica de misturar vídeo e animação fosse. De Roger Rabbit pra cima. E nem ao menos editei a parada. Porém meu personagem tomou forma, voz e personalidade, e entrevistou um antigo professor do mestrado (que participou da minha banca e lembrava da minha dissertação!) sobre Paulo Freire, um mito da minha vida. E na gravação ele aceitou contracenar e cumprimentar uma cadeira vazia onde mais tarde eu sentaria a Bete.
Confesso que chorei. O que não é difícil, mas dessa vez tive muitos motivos.

Feng Shui para desgovernados
Perdeu a hora? A chave de casa? O freio? O chão? As palavras? A memória (que música era esta mesmo)?
Vamos dar um jeito nesta bagunça.
Um dia inteiro de remexeção nos armários, até tirar uma casa sobrante de dentro da outra.
Você entendeu. Jogar fora, atirar aos lobos, passar adiante, vender pro brechó, afogar no rio. Coisas, eu digo.
O que você salvaria num incêndio? Fora as vidas, claro, todas as sete. Eu, os álbuns de fotos (que servidor nenhum pode apagar) e o portfólio dos desenhos. Ah, e os documentos, pra não ter aquele trabalhão de novo. Memórias. Talvez alguns objetinhos muito importantes pra sobrevivência visual diária, que costumam classificar como decoração, mas você sabe, são outra coisa.
Muito já falei sobre este assunto, e insisto: jogar fora é o que há. Mais uma vez, abrir espaço pro que vem por aí. (Tão profundo, isso. Oriental por demais). E se repete numa rotina de prazer que não dá conta do que foi juntado e continua sendo. Juntar só para ter a alegria de jogar pela janela como papel picado de ano novo.

Sê breve na ausência
Vai tudo bem, o sol me acorda, os hibiscos florescem, o mar bate nas pedras, as gaivotas catam conchinhas, os gatos dormem, os cachorros fazem xixi na sala. Mas tudo está como suspenso num quadro parado esperando teu retorno, não demora.

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