se você se acha impotente pra lutar sozinho contra o que tenta te esmagar todo dia, te transformar numa massa amorfa pastosa sem vontade nem direção, é porque é impotente mesmo.
o segredo é não lutar sozinho.
isto se você quer mudar o rumo dessa prosa.
mas a grande diferença de enfoque dos anos rebeldes d'antanho pra cá foi a mudança do "enfrentar" pro "escapar".
ninguém que pretenda ser algo mais que um corpo em movimento quer se submeter à sufocação massiva planejada, quer essas regras que não decidimos, quer esses objetivos de vida que o Monstro Devorador das individualidades, o tal "sistema sócio-econômico" estabelece com seus critérios e pros seus interesses através da mídia, a mãe de todas as consciências.
o "sistema", não é uma força da natureza, inexorável como um trovão, mas ele se reorganiza e se aperfeiçoa a cada ameaça de perda de poder, demodosque a gente, os indivíduos com interesses de pequeno alcance e particulares, estamos sempre em desvantagem.
mas escapar do Grande Plano concebido pras nossas vidas, isso dá pra encarar sozinho, com algumas ressalvas.
pode-se escapar pela rebeldia do murro em ponta de faca até estourar as mãos, pela loucura, pela subversão hacker desaparafusando e minando a longo prazo e um pouquinho pela arte independente (!) do mercado (pura marginalidade, no sentido clássico).
escapar assim não é garantido, os loucos e marginais de todo tipo são perseguidos, enjaulados, "neutralizados" ou morrem muito cedo.
mas também dá pra tentar a invenção de novos espaços, campos de ação, formas alternativas de inserção (aí já não é escapar, é tentar usar a força da onda a seu favor e não contra, ganhar a vida como surfista).
não é fácil, mas de vez em quando alguém
pois é, neste ano que vem aí eu quero ver dar certo um monte de puxadinhos milimetricamente planejados.
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talvez não seja preciso nenhum Grande Sentido, basta o dia-a-dia que dê vontade de acordar no outro dia.
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por que nesta época, por mais que a gente resista, acaba sucumbindo aos vírus das avaliações e dos planos? que saco.
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